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O nordeste é aqui

Não há roda de conversa ou noticiários nos últimos dias que não contemplem o calor

Vera Lúcia Dias
Publicado em 17/10/2014 às 20:05Atualizado em 17/12/2022 às 03:11
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Não há roda de conversa ou noticiários nos últimos dias que não contemplem o calor e a falta de água, fazendo-me refletir que estamos vivendo nossos dias de Morte e Vida Severina...

O ar parado sem o balançar de uma folha, o céu sem nuvens de chuvas e gente carregando água nos trazem um cenário nunca antes visto na história deste país nos últimos oitenta anos, conforme os noticiários.

Parafraseando João Cabral de Melo Neto, eu diria que aqui estamos num cenário de Caatinga onde a terra não está dando nem planta brava, e acontecem mortes morridas e mortes matadas, basta só ler os jornais...

Assim como o retirante teve medo de se perder no sertão com a seca do rio Capibaribe, estamos desnorteados e perdidos com a seca do rio que nos abastecia: “Pensei que seguindo o rio / eu jamais me perderia: ele é o caminho mais certo, de todos o melhor guia./ Mas como segui-lo agora que interrompeu a descida? Vejo que o Capibaribe, como os rios lá de cima,/ é tão pobre que nem sempre pode cumprir sua sina e no verão também corta, com pernas que não caminham.”

E a conversa entre dois coveiros do Recife, por acaso não se aplicam a nossos dias?

“O dia de hoje está difícil; não sei onde vamos parar./ Deviam dar um aumento, ao menos aos deste setor de cá./ As avenidas do centro são melhores,/ mas são para os protegidos: há sempre menos trabalho e gorjetas pelo serviço;/ e é mais numeroso o pessoal / (toma mais tempo enterrar os ricos).”

Em meio a tudo isso, cá estamos nós a poucos dias de mais uma eleição presidencial, nos equilibrando entre os mísseis linguísticos disparados de um lado por Aécio e, pelo outro, por Dilma. Buscamos em meio a tantas acusações e falsas promessas eleitoreiras, o advento de um representante que venha salvar nossa pátria, como a chuva tão desejada que irá lavar nossa alma, abastecer nossas casas, reavivar nossos pastos, jardins e lavouras.

Que Deus nos ilumine em nossa escolha política e também traga a chuva benfazeja que nós mesmos, seres humanos com nosso desmedido progresso, tratamos de espantar transformando nossa terra nesse braseiro e nessa “fornáia” como cantava Gonzagão em Asa Branca...

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