Fatos emblemáticos são inevitavelmente lembrados na época de eleições
Fatos emblemáticos são inevitavelmente lembrados na época de eleições.
Em época de campanha, um dos candidatos a prefeito de Uberaba chamou o concorrente, o engenheiro Wagner do Nascimento, de Fuscão Preto. Wagner aproveitou a deixa como marketing: adotou, em sua campanha, a música Fuscão Preto, de Almir Rogério, e passou a percorrer a cidade num Fusca preto. Com isso, tornou-se ainda mais popular e conquistou o cargo que pleiteava. Para o adversário, o tiro saiu pela culatra.
Numa cena em que o impagável Bob Hope vive um político que precisa visitar várias cidades em poucas horas, ele acaba se atrapalhando num discurso ao esquecer o nome daquela onde está e resolve se arriscar: passa a citar os nomes das cidades que lembra fazerem parte de seu roteiro de campanha, elogiando todas elas. O povo permanece em silêncio. A lista vai crescendo até que o político acerta o nome do lugar onde está. A plateia vai ao delírio. Aliviado e com a situação sob controle, ele despeja elogios e mais elogios à cidade e recebe os aplausos do povo. Safou-se.
Já o político Ibrahim Abi-Ackel não teve a mesma sorte em nossa cidade, conforme contamos há algum temp convidado por um partido para levantar o ânimo dos eleitores, cometeu o deslize de chamar Uberaba de Uberlândia. O público enrolou suas bandeiras e se retirou do comício. Se a situação do partido que o convidou era ruim, ficou ainda pior.
Sebastião Nery, em sua obra Folclore Político, conta que um deputado do Ceará, em seu comício, referiu-se ao povo do lugarejo como “ladrões”. Depois do susto daquela gente, o homem explicou: “Ladrões, porque vocês roubaram meu coração.”
Sabe-se lá até que ponto o coração do eleitor consegue suportar tantas surpresas. Melhor ir com calma. Cautela é essencial a qualquer candidat sem ela, há o risco de arquitetar uma armadilha contra si mesmo, entregando a vitória de bandeja ao adversário.