ARTICULISTAS

De um Barbosa para outro Barbosa

Enquanto migrava da área econômica para o Direito, recebi de um amigo, como presente

José Humberto da Cunha
Publicado em 12/10/2014 às 13:21Atualizado em 17/12/2022 às 03:16
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Enquanto migrava da área econômica para o Direito, recebi de um amigo, como presente de entrada nesta área do conhecimento, um texto escrito aproximadamente há cem anos, cujo teor nos faz crer que o mesmo foi escrito ontem. E, dado esta “atualidade”, decidi compartilhar com os leitores essa missiva que tem como autor o nosso patrono (dos advogados) RUI, que envia a um pressuposto destinatário que denominamos de JOAQUIM. Vamos ao teor da mesma:

“Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte deste povo, por ter trabalhado sempre pela justiça, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, à derrota das virtudes pelos vícios, à ausência da sensatez no julgamento da verdade, à negligência com a família, célula-mater da sociedade, à demasiada preocupação com o 'eu' feliz a qualquer custo, buscando a tal 'felicidade', em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos 'floreios' para justificar pactos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre 'contestar', voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!"

Como o destinatário (JOAQUIM), não tendo mais o seu interlocutor, para respondê-lo diretamente, o faz, dirigindo a todos nós brasileiros, com uma declaração que é mais uma advertência. Principalmente nesta época, quando estamos próximos das eleições: “NÃO É A POLÍTICA QUE FAZ O CANDIDATO VIRAR LADRÃO. É O SEU VOTO, ELEITOR, QUE FAZ O LADRÃO VIRAR POLÍTICO”. Precisa mais? É uma pena que um (o RUI) já foi. E o outro (o JOAQUIM) se afastou. Será que ficamos órfãos ou surgirá alguém que possa, se não substituí-los em suas idoneidade e dignidade, mas, que ao menos, deem continuidade ao cumprimento dos rigores da lei, doa a quem doer?

(*) Acadêmico de Direito

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