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Mudanças

Foi um longo processo de convencimento familiar! Primeiro tive que digerir o trauma, a frustração

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 11/10/2014 às 20:22Atualizado em 17/12/2022 às 03:17
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Foi um longo processo de convencimento familiar!

Primeiro tive que digerir o trauma, a frustração, pesar prós e contras, me deprimir e depois brotar.

Passo seguinte: demonstrar a filhos, netos e antigos funcionários que a mudança será benéfica para todos.

“Mas, mãe! Deixar a casa que construímos para morar, para sempre?!”

“Que nada! Preste atenção. Sua casa somos nós. Onde nós estivermos juntos, esse será nosso lar. E o para sempre não existe.”

Finalmente consegui viver a impermanência de tudo. Tudo muda, tudo passa e temos que estar presentes e inteiros no agora.

“Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia...”

Mãos à obra. Hora da faxina. De esvaziar armários e gavetas, de desfazer de antigas ilusões e tradições. Esse será um momento complicado, que estou adiando, pois não é fácil dar novo destino a coisas que fizeram parte de sua vida por décadas.

Isso exige mais tempo e desprendimento. Decidir o que vou ou não carregar. Resumir.

E meus livros? As enciclopédias que já nem se usam mais? Os livros de medicina de meu marido? Resuma! Não há espaço.

Minhas arcas, tulhas, gamelas, memórias vivas de meu passado na fazenda?

Desapega! Precisamos de espaço para circulação.

E as caixas de cartas, cadernos, boletins das crianças, fotos, álbuns de viagens? Resuma. Só os mais importantes.

Quantas recordações vão surgindo ao folhear papéis amassados, fotografias amareladas. Algumas memórias não são tão bem-vindas. Me desfaço delas com prazer. Coisas que um dia foram tão importantes, hoje estão relegadas a uma caixa cheirando a mofo diante do caminho que trilhamos.

Mudanças! Sejam elas físicas ou espirituais podem ser traumáticas ou libertárias. É doloroso lutar e manifestar resistências contra elas.

Pensando bem, fora o cansaço físico, que antevejo, estou pronta e feliz. Meu espírito é aventureiro, gosta de desafios. Já sinto borboletas no estômago frente ao desconhecido.

Novos caminhos nos aguardam. Devemos abraçar essa bendita mudança como mais um desafio e oportunidade para novas descobertas e crescimento.

Até o grupo de ioga foi fundamental no processo de mudança.

– Desapega, desencana! A vida é bacana!

Estamos prontos! Que venham as mudanças!

(*) Mãe de família

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