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Lei das palmadas

Num vídeo feito em zoológico de Zurique, filhote de elefante cai numa valeta

Mário Salvador
Publicado em 07/10/2014 às 19:25Atualizado em 17/12/2022 às 03:21
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Num vídeo feito em zoológico de Zurique, filhote de elefante cai numa valeta e fica com as pernas para o alto. Sem poder se levantar sozinho, recebe a ajuda de dois elefantes que, com a tromba, retiram o elefantinho da vala. Em seguida, ele recebe carícias da tromba da mãe, enquanto mama.

Enquanto seres irracionais dão esse exemplo para os racionais, nós, humanos, às vezes precisamos nos valer de leis para que ocorra justiça. A Lei das Palmadas (que para muitas famílias que educam os filhos com respeito não fez nenhuma diferença) procura impedir que se cometam atrocidades contra as crianças. Infelizmente, mesmo com a lei, para muitos seres indefesos a realidade é bem amarga.

No caso dos Nardoni, o pai e a madrasta de Isabela mataram a criança jogando-a de uma janela do terceiro andar do edifício onde moravam. E graças ao trabalho minucioso do promotor Cembranelli, o casal, condenado, cumpre pena.

O jovem Bernardo pediu, na Justiça, para morar com os pais de um colega de escola ou com a avó, pois não suportava as agressões a que estava sujeito, especialmente as praticadas pela madrasta. Em audiência, o pai de Bernardo, médico, ganhou 90 dias de prazo ao assegurar que mudaria o relacionamento com o filho. Pouco tempo depois dessa audiência, vídeos gravados pelo próprio pai se tornaram provas contundentes da culpa dele e da companheira na morte da criança.

Mais recentemente, descobriu-se que uma garotinha de dois anos era torturada pelo padrasto, que a impedia de dormir, aos gritos, e a obrigava a comer cebola, dizendo ser maçã. Uma gravação mostrou a criança com peias nas pernas, caindo ao caminhar. O padrasto da criança, preso, aguarda julgamento. A mãe perdeu a guarda da criança e responderá o processo em liberdade. A criança, agora em uma casa de acolhida, só chora, segundo psicóloga que acompanha o caso.

Em 2010, em Ribeirão Preto, Kamilly, de um ano e nove meses, foi espancada até a morte. Uma autópsia constatou, no corpo da menina, sinais das mordidas do padrasto, dentre outras agressões. Em júri popular, o padrasto explicou que as agressões tinham por objetivo educar a criança, a pedido da mãe. Ele foi condenado a mais de 80 anos de prisão e a mãe, a mais de 60.

Muitas crianças ainda estão sofrendo nas mãos impiedosas de familiares e temem denunciá-los ou não conseguem procurar por socorro. Como cidadãos, não temos escolha: é, antes, nosso dever promover o bem-estar das crianças e denunciar casos de agressão. Se formos omissos a esse nosso dever, permitiremos o sofrimento e a morte de crianças com sede de vida, e de vida em plenitude.

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