O Brasil, às vésperas das eleições, está assistindo a uma das maiores e mais constrangedoras manifestações de abuso do poder público da sua história. Enquanto a maior parte da população sobrevive sem saúde decente, sem escolas competentes, sem atendimento médico, sem leitos hospitalares para acomodar os doentes; enquanto somos vítimas do descaso, da manipulação e da incompetência explícita das pessoas que ocupam cargos vitais, estádios de futebol gigantescos foram construídos, viadutos construídos às pressas, por pressão da Fifa, e que desmoronaram matando pessoas inocentes e nada aconteceu. Estamos vivendo, como escreveu Erico Verissimo, numa época de atrocidades e injustiças, e é preciso acender uma lâmpada, fazer luz sobre essa realidade, evitando que caiamos novamente na escuridão. Mas, com o dia das eleições batendo à nossa porta, muitos eleitores não conseguem visualizar que é possível vencer a influência que os marqueteiros exercem sobre nós com suas manobras e artimanhas eleitoreiras e pensar no que foi feito pelos candidatos nestes anos todos e o que farão, sendo que estamos tão desprestigiados, que nem plano de governo nos apresentaram. Penso que nunca foi tão importante para os brasileiros votarem como está sendo neste momento, mesmo que, anteriormente, enganos e decepções tenhamos cometido. Betinho, coordenador que foi da campanha contra a fome, no prefácio do livro “Como não ser enganado nas eleições”, do jornalista Gilberto Dimenstein, escreveu: “Busquemos alguém que tenha uma atuação ética, busque alguém que tenha um currículo de credibilidade e respeito, procure e pesquise sobre sua vida política, investigue as referências de um determinado nome. Vote consciente da sua escolha. E fique de olho depois para poder cobrar”. Não vamos permitir que políticos ladrões e corruptos cumpram suas penas no conforto de seus lares e com os bolsos cheios do dinheiro desviado principalmente do mensalão e mais recentemente da Petrobras. Vamos ser participativos nas decisões tomadas pelo governo deste país. Só seres atuantes são capazes de lutar para a transformação social, econômica, política e cultural no contexto onde ele está inserido.
