NA BOCA DO POVO
Em fevereiro, época de carnaval, ao menos um setor da indústria cresceu: foi o dos fabricantes de máscaras. Mas não se trata de máscaras de carnaval, e sim de máscaras faciais protetoras descartáveis. E elas não faziam parte de nenhuma fantasia para a folia; viraram “moda” por causa de um bichinho invisível hoje tratado com toda deferência, após virar inimigo comum da humanidade e assunto principal “na boca do povo”, em todo o mundo – o coronavírus, uma família de vírus causadora de infecções respiratórias que têm semelhanças com um resfriado.
Alguns coronavírus causam síndromes respiratórias graves, conhecidas como SARS. Os primeiros casos de SARS aconteceram na China, em 2002, e o problema se disseminou por vários países, infectou oito mil pessoas e matou oitocentas. Apesar de já ter um tempo que o danado incomoda a humanidade, não há casos de SARS desde 2004.
Em 2012, foi isolado novo coronavírus, distinto do anterior. Houve casos na Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio, Europa e Ásia, áreas de que o vírus gosta muito. Ressurgindo na China, chegou ao Japão e tomou o mundo, de carona em avião. O primeiro caso brasileiro de portador do vírus é de São Paulo e esteve na Itália. Hoje já são vários casos.
A transmissão do coronavírus se dá pelo contato próximo entre pessoas: é comum a contaminação do profissional da saúde, demais cuidadores do paciente, familiares que tenham tido contato físico com o doente e pessoas que ficaram no mesmo recinto – foi o que matou o médico chinês que primeiro levantou o problema num paciente. Cuidados com higiene evitam a contaminação. Idosos e crianças pequenas são mais vulneráveis.
O coronavírus virou o mundo de cabeça para baixo, afetando muitos setores da atividade humana. Bolsas de valores do mundo todo, por exemplo, despencaram; empresas estão sofrendo prejuízo. Segundo analistas do setor financeiro, as ações negociadas na bolsa estavam superavaliadas e o coronavírus pôs ordem na casa.
Sem matéria-prima, estão em férias os empregados de indústrias dependentes de produto chinês, como a de celulares. O turismo mundial sofre com viagens canceladas. Certos hotéis alemães recusam hóspedes que estiveram na China. O Grande Prêmio de Fórmula 1 foi cancelado. No Japão, que não adiará a Olimpíada, cada pessoa só tem direito de comprar cinco máscaras por vez. Em Uberaba, esse produto está escasso.
Apesar de tudo, não há motivo para pânico no Brasil. O coronavírus nem foi convidado para cair na folia do nosso carnaval. Além disso, a área da saúde mundial trabalha para, uma vez mais, isolar o bichinho danado. E talvez nos livremos dele antes mesmo de nos livrarmos do nosso velho famigerado conhecido mosquito Aedes aegypti.
