RENATO ABRÃO

O Dia Internacional da Mulher está bem longe de ser uma data comercial

Publicado em 07/03/2020 às 10:51Atualizado em 18/12/2022 às 04:44
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Bom dia, leitores do Jornal da Manhã! Hoje vou dar uma pausa nos temas voltados ao câncer de mama para falar um pouco da principal vítima dessa doença: as mulheres. Aproveitando que comemoramos hoje o Dia Internacional da Mulher, vou abordar alguns tópicos que transformam essa data num marco rumo aos direitos da mulher na busca de respeito, igualdade e justiça.

O Dia Internacional da Mulher está bem longe de ser uma data comercial, sobre ganhar flores ou enaltecer a beleza feminina. O dia 8 de março é um dia de luta e de união das mulheres. A cada ano, a data se fortalece como um momento de discussão e de tomada de consciência coletiva sobre as opressões e as desigualdades ainda vivenciadas pelas mulheres ao redor do mundo.

Se fosse possível fazer uma linha do tempo dos primeiros “dias das mulheres” que surgiram no mundo, ela começaria possivelmente com a grande passeata das mulheres em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York. A proposta de Zetkin era de uma jornada anual de manifestações das mulheres pela igualdade de direitos, sem exatamente determinar uma data. O primeiro dia oficial da mulher seria celebrado, então, em 19 de março de 1911. O chamado Dia Internacional da Mulher só foi oficializado em 1975, ano que a ONU intitulou de Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais.

O dia 8 de março é considerado feriado nacional em vários países, como a própria Rússia, onde as vendas nas floriculturas se multiplicam nos dias que antecedem a data, já que homens costumam presentear as mulheres com flores. Na China, as mulheres chegam a ter metade do dia de folga no 8 de Março. Já nos Estados Unidos, o mês de março é um mês histórico de marchas das mulheres.

No Brasil, a data também é marcada por protestos nas principais cidades do país, com reivindicações sobre igualdade salarial e protestos contra a criminalização do aborto e a violência contra a mulher. Mas ainda há quem questione ou minimize a importância dessa data. Nas redes sociais, é comum ver o questionament “por que existe um Dia da Mulher?”. Mas, infelizmente, ainda existem muitas razões para que esse dia continue existindo e que se fortaleça mais a cada ano. E, apesar das importantes conquistas e avanços, mulheres no Brasil e ao redor do mundo ainda vivem situações de vulnerabilidade e submissão pelo simples fato de ser mulheres, e o caminho a ser percorrido para a igualdade entre os gêneros ainda é longo.

As mulheres ainda morrem apenas pelo fato de ser mulheres; são as principais vítimas de estupro; não estão nos espaços de decisão e poder, e são subjugadas dentro dos seus lares, sendo que as mulheres negras se encontram em uma posição ainda mais vulnerável. O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo, ou seja, é o quinto país que mais mata mulheres pelo simples fato de ser mulheres. Porém, apesar de encontrar no feminicídio o seu ápice, a violência contra a mulher compreende uma gama muito vasta de ações, como a ameaça, a tortura psicológica, a agressão verbal e as violências física e sexual, dentre outras.

As mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim, e ainda contando com um nível educacional mais alto, elas ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens.

Por isso, o dia Internacional da Mulher tem que ser todo dia. Essa luta é de todos nós. A violência contra a mulher, seja psíquica, física ou social, não pode existir mais. Felizmente, cada dia mais, as mulheres estão denunciando mais, falando mais, protestando mais. Tenho duas mulheres maravilhosas em casa, que me jogam na cara todos os dias o quão elas são mais evoluídas em todos os quesitos; são mais inteligentes, mais bonitas, mais fortes... E isso não pode ser motivo de inveja, violência, intolerância. Temos que aprender a admirar e exaltar.

Feliz Dia da Mulher a todas as guerreiras que fazem jornadas duplas, triplas e, ainda assim, não são reconhecidas e reverenciadas como deveriam. Em especial, a minha esposa, que tanto amo e admiro por tudo que ela faz e representa pra mim e pra nossa filha.

Um bom domingo a todos!

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