CIDADE

Shows do Bicentenário aconteceram sem alvará do Corpo de Bombeiros

A determinação não cumprida diz respeito às barras que delimitam a setorização, o acesso de pessoas ao campo

Carol Rodrigues / Redação
Publicado em 01/03/2020 às 23:57Atualizado em 18/12/2022 às 04:39
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Fotos/Fábio Braga

Com previsão para reunir 30 mil pessoas no Estádio Engenheiro João Guido - Uberabão, os shows em homenagem ao Bicentenário de Uberaba foram realizados sem a autorização do Corpo de Bombeiros. Antes que o evento começasse, o comandante do 8º Batalhão de Bombeiros Militar, tenente-coronel Anderson Passos, informou que não havia sido emitido o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). A reportagem acionou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Uberaba, que confirmou a realização dos shows, uma vez que as determinações dos militares seriam cumpridas a tempo. Contudo, segundo o chefe da 3ª Companhia de Prevenção e Vistoria (3ª Cia PV) do Corpo de Bombeiros, capitão Grazianni Cápolli, o evento ocorreu à revelia das determinações da corporação.

“O evento entrou com PET (Projeto de Evento Temporário) no Corpo de Bombeiros, conseguiu a aprovação, mas num segundo momento de vistoria de liberação, não tinha todos os meios executados, conforme o projeto que foi aprovado. Então, os militares tiveram que fazer modificações e voltar essas orientações para os organizadores para que eles pudessem sanar essas modificações, para que obtivessem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros”, explica o capitão Cápolli.

Segundo o militar, a determinação não cumprida diz respeito às barras que delimitam a setorização, o acesso de pessoas ao campo. “Quando o público é superior a 10 mil pessoas, (o evento) necessita dessa setorização, para dividir o público e evitar uma aglomeração muito intensa. E se necessitar de dispersão, que as pessoas possam sair por dois ou mais caminhos”, diz. 

“A gente considera as barras anti-pânico e anti-esmagamento. São barras que evitam, como o próprio nome diz, o tumulto. Temos barras comuns em todo o evento aqui (no Uberabão), que não proporcionam essa segurança, conforme está na nossa Norma de Prevenção de Combate ao Incêndio do Estado. Mesmo assim foi passado para os organizadores que não vai ter a liberação (do alvará) pelo Corpo de Bombeiros. Mesmo assim nós nos fazemos presentes para mitigar algum risco que possa acontecer. Orientamos os brigadistas quanto à situação, fizemos algumas orientações no microfone, no palco, para tentar reduzir (o pânico) em caso de sinistro”, comenta o capitão.

Conforme o capitão, as barras usadas pela Prefeitura, chama de disciplinadoras, delimitam por onde as pessoas podem caminhar, mas não têm a propriedade de evitar tumulto. "Se as barras caírem, em caso de pânico, elas podem virar uma outra arma ou até mesmo aumentar o risco de a pessoa prender o pé ou cair em cima dessas barras”, observa.

Contudo, Cápolli esclareceu que, embora a comemoração tenha ocorrido sem autorização do Corpo de Bombeiros, não se tratava de caso passível de interdição. “O evento pode funcionar sem o AVCB. Contudo, funcionando sem a autorização do Corpo de Bombeiros, a Prefeitura acaba assumindo todos os danos, as situações que possam vir a ocorrer. Isso está previsto na nossa norma também, que cabe ao organizador. Não configura interdição do local porque eles têm os meios preventivos – eles têm saídas de emergência, brigadistas, seguranças e extintores”, o que já desconfigura a interdição do evento, segundo o militar. Segundo ele, documento relatando a situação será encaminhada, posteriormente, ao Ministério Público.

Acionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Uberaba afirmou que se posicionará oficialmente assim que se inteirar dos fatos junto ao Ministério Público. O espaço está aberto à manifestação.

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