CIDADE

Especial: 95% dos uberabenses reprovam a abstinência sexual como prevenção

Pesquisa realizada pelo Percent – Instituto de Pesquisa para o Jornal da Manhã revela que, na faixa dos 16 aos 24 anos, a proposta da ministra Damares Alves não é aceita por 96%

Daniela Brito
Publicado em 08/02/2020 às 11:02Atualizado em 18/12/2022 às 04:09
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Foto/Jairo Chagas

Luiz Cláudio Campos, diretor do Instituto Percent, diz que a pesquisa mostra que determinadas questões de comportamentos se tornaram irreversíveis

 

Uberabenses são contra a abstinência sexual como forma de prevenção da gravidez precoce, segundo aponta pesquisa realizada pelo Percent – Instituto de Pesquisa para o Jornal da Manhã. A proposta é tema de campanha idealizada pela titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. 

No total foram ouvidos 400 uberabenses, entre os dias 31 de janeiro e 2 de fevereiro. A margem de erro é de 5%, para mais ou para menos. Pelo levantamento, a maioria absoluta, 91% dos entrevistados, não acredita que a abstinência sexual seja um método eficaz para evitar a gravidez na juventude e adolescência.

Para os uberabenses, a camisinha é o meio contraceptivo mais adequado para se evitar uma gravidez nesta faixa etária. Segundo o resultado, os entrevistados entendem que o preservativo é a forma segura para que a gravidez não ocorra. Apenas 5% entendem que a abstinência sexual seja a maneira mais adequada. Já 4% não souberam responder.

“É um sinal de que determinadas questões de comportamento e relacionamento parecem irreversíveis, o que dificilmente logrará êxito no mundo contemporâneo de tanta diversidade e liberdade”, diz o diretor da Percent – Instituto de Pesquisa, Luiz Cláudio Campos. Segundo ele, a liberdade sexual, conquistada por volta dos anos 60/70, é algo que dificilmente pode ser revertido por meio de uma campanha governamental, por exemplo. “É algo que já está consolidado”, diz.

Ainda de acordo com a pesquisa, na faixa etária entre 16 e 24 anos, ou seja, o público-alvo da questão em debate, o índice a favor da camisinha como método contraceptivo mais seguro chega a 96%. Já na faixa acima de 60 anos, 86% dos entrevistados optaram por camisinha, sendo que 11% não souberam responder. “Portanto, é uma questão de ampla maioria e abrangência em todas as faixas etárias”, avalia Campos. A pesquisa não avaliou outros métodos contraceptivos, pois direcionou as entrevistas apenas na correlação abstinência sexual e camisinha.

O Percent – Instituto de Pesquisa também abordou os uberabenses quanto à religião e outros assuntos polêmicos, como legalização do aborto e descriminalização da maconha para uso pessoal. Para Campos, estes assuntos palpitantes que envolvem o comportamento e que são constantemente alvos de debate estão diretamente ligados à religião, conforme apontam os resultados.   

Volume dos que se declaram espíritas na cidade é cinco vezes maior que o do país 

Uberaba pode ser considerada o berço do Espiritismo no Brasil. Isso porque a cidade ultrapassa significativamente o volume nacional de adeptos a esta religião, segundo o levantamento realizado pelo Percent – Instituto de Pesquisa. O índice de espíritas na cidade supera em mais de cinco vezes o do Brasil. De acordo com o levantamento, Uberaba possui 17% de espíritas, volume bem superior ao do país, que é de 3%.

O resultado coloca a cidade em uma posição “atípica”, levando em conta o índice nacional, segundo analisa o diretor do instituto, Luiz Cláudio Campos. De acordo com ele, o resultado mostra a força de Chico Xavier, um dos grandes líderes espíritas, que viveu em Uberaba. “Com certeza, a presença dele influencia o resultado e mostra que Uberaba é a referência do Espiritismo no Brasil”, diz.

Ainda segundo os dados, a maioria dos espíritas é do sexo feminino – sendo 66,6% mulheres e 33,3% de homens. Se comparado à pesquisa anterior, houve crescimento entre os espíritas uberabenses, que era de 15% em pesquisa realizada em 2013, embora o resultado esteja dentro da margem de erro, de 5%.

A pesquisa também aponta recuo no número de católicos, embora seja a religião com mais adeptos em Uberaba. Em 2013, a cidade possuía 63% de católicos. Agora, o índice é de 58% - uma queda de seis pontos percentuais.

Por outro lado, os evangélicos se mantiveram no mesmo índice da pesquisa anterior, de 15% - diferentemente do que ocorre no Brasil, que atualmente é de 30%. Ou seja, em nível nacional, os evangélicos são o dobro do percentual de Uberaba. Para o pesquisador, o fator limitante de seu crescimento local deve encontrar resposta na consolidação dos espíritas, “mesmo porque a redução de católicos não representou acréscimo dos evangélicos”.

Houve ainda aumento no índice daqueles que disseram não ter religião. Antes, o índice era de 6% e, no atual levantamento, 10%. Ateus e umbandistas pontuaram em 1%, respectivamente. 

Legalização do aborto não é aceita por 76% dos entrevistados na pesquisa

A maioria dos uberabenses é contra a legalização do aborto. Segundo o Percent – Instituto de Pesquisa, 83% dos entrevistados não aprovam a legalização do aborto, índice superior ao nacional, que é de 76% - uma diferença de sete pontos percentuais. Apenas 12,5% são a favor, enquanto 4,5% não souberam responder ao questionamento.

Para Luiz Cláudio, o resultado mostra certo conservadorismo na população uberabense em relação ao tema. O segmento com maior índice favorável da legalização do aborto está entre aqueles que afirmaram não ter religião, com 19%. Já entre os espíritas e evangélicos, a maioria é contra a legalização do aborto, com índices próximos a 90%. Já entre os católicos, 14% são a favor e 82% contra.

Postura conservadora é observada na descriminalização da maconha 

Outro assunto comportamental e que vem sendo debatido constantemente é a descriminalização da maconha para uso pessoal. O tema também foi alvo de questionamento no levantamento realizado pelo Percent – Instituto de Pesquisa. No entanto, os uberabenses têm postura conservadora em relação ao tema.

De acordo com o levantamento, 76% dos entrevistados declararam ser contra descriminalizar a maconha para uso pessoal. Inclusive, o número é superior ao índice nacional, que é de 68% - uma diferença de seis pontos percentuais para mais.

Apenas 18,5% se colocaram como favoráveis à descriminalização da maconha para uso pessoal. Desde montante, a maioria também está entre aqueles que declararam não ter religiã 20%. Os católicos também ganham destaque, sendo que 18,5% se colocam a favor de descriminalizar a maconha. Já 80% dos adeptos ao Espiritismo são contra a liberação. 

Em relação ao sexo, 65% que se colocam a favor são mulheres, com 35% de homens. Já por faixa etária, os mais favoráveis são jovens de 16 a 24 anos, com 23%. Já o maior índice contra a descriminalização está entre os acima de 60 anos, 77% dos entrevistados. Apenas 7,5% dos entrevistados não souberam responder.

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