CIDADE

Ações voltadas à população LGBT não são intensificadas pela falta de procura do público

Mais conquistas voltadas ao público poderiam ser efetivadas com o aumento de solicitações; coordenadoria convoca população LGBT a se engajar

Jefferson Genari
Publicado em 01/02/2020 às 14:08Atualizado em 18/12/2022 às 03:59
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Em Uberaba, atualmente, não há ações públicas específicas voltadas para a saúde da população LGBT e isso pode ser alarmante. Na última quarta-feira, dia 29 de janeiro, clínicas particulares se uniram para um plantão gratuito para prestar atendimento para a população transexual, em homenagem ao Dia da Visibilidade Trans, comemorado na data. Segundo o coordenador de Políticas Públicas LGBTs, Valdir Santana, não foi feito um planejamento de políticas públicas devido à falta de procura do público por essas questões.

Ainda assim, a Coordenadoria cria eventos para abordar assuntos importantes sobre saúde física e adoecimentos emocionais como forma de tratamento e prevenção. Além disso, é uma forma de incentivar que as pessoas procurem saber mais sobre os assuntos do seu interesse. “Esse público não procura o atendimento ofertado ao cuidado da saúde, apesar da grande necessidade. Conseguimos leis importantes que garantem o direito à população, mas, para isso, é preciso que ela se manifeste com suas demandas. É possível conseguir um apoio direcionado”, avalia Santana.

Ainda segundo ele, a falta do engajamento do público, não só para os LGBTs, é a falta de informação para toda a comunidade sobre o assunto, o acaba implodindo a criação de novas políticas de interesse público. “As pessoas não buscam os meios para que possam melhorar a questão da saúde, o transporte público ou qualquer reivindicação. É preciso que elas entendam e comecem a levar as suas reivindicações para conseguirem aquilo que é de direito delas. No caso, procurando a Coordenadoria LGBT, é possível identificar as principais necessidades do grupo”, comenta o coordenador.

Atualmente, a Coordenadoria fica na Fundação Cultural de Uberaba e também auxilia com a adequação de nome e gênero nos documentos pessoais, possui parceria com uma profissional especializada no acompanhamento da saúde para a população Trans, parceria com psicólogos e oferece palestras com informações a empresas, escolas e atendimento para apoio familiar. Seja um agente transformador e se engaje nessa questão.

APOIO PSICOLÓGICO

A Psicologia também vem em busca de oferecer conhecimento, psicoeducação, prevenção de diversos adoecimentos também à comunidade LGBT. O plantão que aconteceu no dia 29 de janeiro teve como foco atender exclusivamente o público transexual. A psicóloga Alessandra Sallum conta que o apoio a esse público é essencial. “Essa parcela sofre muito com o adoecimento emocional por conta da quantidade de sofrimentos que passam na vida, desafios pesados, angustiantes. O objetivo era aproximá-los da Psicologia e mostrar que é uma ferramenta para ajudá-los. Um lugar de escuta e orientação, e não julgamento”, comenta ela.

“As vagas oferecidas foram quase completamente preenchidas, tanto presencialmente quanto online. A possibilidade de fazer uma colhimento online teve uma resposta positiva, por mais que seja uma modalidade nova. Foi interessante ver que elas precisam ser ouvidas e, quando há oportunidade e acolhimento adequado, elas trazem as demandas delas”, avalia Alessandra.

Ainda segundo a psicóloga, o apoio é importante aos trans pelos níveis de sofrimentos que eles enfrentam, o grau das angústias que eles passam e o processo de busca do próprio espaço ser muito penoso. “Além disso, é essencial (o acompanhamento psicológico) durante um trabalho de adequação de gênero. Primeiro a pessoa precisa definir se fará a transição, de qual maneira, como vai lidar com as expectativas internas e do mundo que a cerca e outros fatores”, explica a especialista. Alessandra conta que os níveis de ansiedade ficam mais elevados, casos de depressão aumentam e há até o risco de suicídio. “É preciso o acompanhamento para suporte e acolhimento, para se encorajar, empoderar e seguir adiante com o próprio desejo”, completa ela.

SEM INFECÇÕES

A infectologista Danielle Borges Maciel alerta que o cuidado para a prevenção das ISTs, independentemente da sexualidade, é o mesmo. Além de indicar o uso do preservativo, Danielle Maciel afirma que a testagem e o diálogo sobre os métodos preventivos com as jovens aconteçam o mais breve possível. Segundo ela, há um aumento nos casos de sífilis e que, além dela, qualquer doença deve ser tratada no início, preferencialmente, e muitas só são diagnosticadas com os sintomas evidentes.

Em Uberaba é possível realizar os testes de infecções sexualmente transmissíveis no CTA - Centro de Testagem Anônima, que fica na rua Marechal Deodoro, 166, no bairro São Benedito. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Mais informações podem ser adquiridas pelo telefone 3333-7787. Os testes são gratuitos.

 

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