Sem-teto interditam BR-262, em Campo Florido, por mais de 4 horas

Fot Fernanda Borges

Manifestação interditou a BR-262 por mais de quatro horas na manhã de hoje, causando um afila de veículos por vários quilômetros

Cerca de 50 sem-teto fecharam a BR-262, próximo à cidade de Campo Florido, por mais de quatro horas na manhã de ontem. A manifestação ocorreu de forma pacífica e contou com a presença da Polícia Rodoviária Federal, para garantir a segurança. O protesto era contra liminar de reintegração de posse expedida para uma das áreas ocupadas por famílias em Campo Florido e em solidariedade à desocupação realizada em Uberaba na localidade denominada “Nova Estrela”.

Segundo um dos líderes do movimento, Lucas Galante, é necessário ao grupo ter voz. “Acreditamos que falta competência das autoridades, pois casa é um direito universal”, disse. Os sem-teto ocupam área de aproximadamente 1,2 mil metros quadrados na entrada da cidade de Campo Florido desde fevereiro deste ano. Segundo os manifestantes, eles não integram nenhum movimento organizado, apesar de receber apoio de partidos e sindicatos. O número, segundo os manifestantes, chega a quase 900 famílias. Lucas ainda explica que essas famílias viviam pagando aluguéis caros na cidade. “Valor que consumia mais da metade dos salários dos trabalhadores. Em uma família que possui média de três filhos, o valor recebido não é suficiente para cobrir os gastos”, diz Lucas.

O movimento também cobra posição dos políticos, em especial do deputado federal Adelmo Carneiro Leão (PT). De acordo com Galante, o irmão dele seria um dos proprietários da área de Campo Florido e também da que foi desocupada do Nova Estrela. “Há quatro meses, Adelmo disse que poderia nos apoiar e chegou a mandar assessores, mas abandonou a causa”, disse.

Procurado pela reportagem do Jornal da Manhã, o prefeito de Campo Florido, Ademir Ferreira, disse que a prefeitura tenta viabilizar casas para as famílias por meio do programa do governo federal Minha Casa Minha Vida. Ele explica que o município já possui área com aproximadamente 700 terrenos para a construção das unidades habitacionais. Ademir afirma que há seis anos cedeu uma área para aproximadamente 120 famílias e que, por isto, estaria sendo alvo de pressão. Além disso, ele confronta o número de famílias e alega que levantamento da Prefeitura indica que foram contabilizadas, no máximo, 200 famílias. O prefeito também fala que muitas pessoas que participam do movimento já possuem casas.

Durante a paralisação da estrada, a Polícia Rodoviária Federal esteve dialogando com os manifestantes. Após quatro horas e meia de protesto, os assentados liberaram a estrada. Não houve registro de confronto ou danos.