CIDADE

Paciente renal crônico corre risco de morte por falta de vaga no HC

Para continuar tratamento de hemodiálise a paciente precisa se submeter à pequena cirurgia, mas não consegue ser transferida para a realização do procedimento

Geórgia Santos
Publicado em 19/12/2014 às 21:43Atualizado em 17/12/2022 às 02:10
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Família de paciente com risco de morte sofre com dificuldade de transferência da UPA São Benedito para hospital. A mãe da manicure Kênia Cristina Costa realiza hemodiálise semanalmente há três anos; entretanto não é mais possível tal procedimento de forma normal, diante da dificuldade de encontrar veia. Ela precisa passar, com urgência, por cirurgia para colocação de cateter, o que deve acontecer no Hospital de Clínicas, pois segundo laudo médico trata-se de um caso grave.

Bastante preocupada e com medo de que aconteça o pior, Kênia ficou indignada com a dificuldade em conseguir a transferência da mãe. “Viemos para a Unidade de Pronto Atendimento do bairro São Benedito para atendimento de urgência na quarta-feira pela manhã. A falta da realização de hemodiálise agravou o estado de saúde de minha mãe; por isso ela precisou ser socorrida na unidade e, para a retomada do tratamento, é necessária a cirurgia. Um paciente que depende de hemodiálise não pode ficar por muito tempo sem esse procedimento. Ela já ultrapassou o período recomendado, por isso corre risco de morrer”, explica Kênia.

Durante toda a quarta-feira (17) o médico tentou fazer a transferência, sem sucesso. Elaborou um laudo a ser apresentado para administração da unidade, mas não conseguiu vaga. Segundo Kênia, no documento o profissional diz que o estado de saúde da paciente é grave, com risco de morte devido ao quadro de insuficiência renal, e precisa de transferência no prazo máximo de 24 horas, pois pode evoluir para outras situações, como parada cardiorrespiratória. “Fiquei ainda mais desesperada quando li esse documento. Ainda existem alternativas e seria um absurdo ela morrer porque não foi possível fazer sua transferência. O médico me disse que solicitou no sistema a ‘Vaga Zero’ e dessa forma entendo que isso deveria acontecer de forma ágil, mas não foi assim. A qualquer momento o estado de saúde pode piorar, como relatou o médico no laudo”, frisa Kênia, que também procurou a Promotoria de Saúde para relatar a situação.

Em nota encaminhada ao Jornal da Manhã, a diretora de Apoio da Secretaria Municipal de Saúde, Valéria Calil, declara que foi feita solicitação para Vaga Zero. Segundo a nota, a paciente foi diagnosticada com quadro de insuficiência renal aguda não especificada, sendo inserida no dia 18 de dezembro (quinta-feira) às 6h30 no sistema SUSfácil e aguarda vaga zero para o Hospital de Clínicas da UFTM. A nota informa ainda que foi mantido contato telefônico com a Central de Regulação de Leitos. Diante desse posicionamento a equipe de reportagem do JM entrou em contato novamente com a família da paciente por volta das 12h30 desta quinta-feira, horário em que a transferência ainda não havia acontecido.

Geisa Perez Medina Gomide, chefe da Divisão de Gestão do Cuidado, do Hospital de Clínicas, informa que a “vaga zero” é prerrogativa exclusiva do médico regulador, cujo coordenador em Uberaba e macrorregião é o médico José Natal França. “Quem resolve se o paciente está grave o suficiente para ser transferido em "vaga zero" é o médico regulador, de acordo com as informações prestadas pelo médico assistente na origem, através do SUSfácil”, afirma Geisa por meio de nota encaminhada à Redação. O comunicado esclarece ainda que o hospital de destino (no caso o Hospital de Clínicas) não interfere no processo, apenas é comunicado pelo regulador que o paciente está sendo transferido, mesmo sem a vaga disponível; daí o nome "vaga zero". “Portanto, em casos como o da paciente em questão, não temos as respostas para as informações solicitadas”, concluiu a chefe da Divisão.

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