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Contrassenso? Prefeitura de Pouso Alegre pede a restaurante para deixar de doar marmita na porta

'Essas pessoas causam transtornos na área central', diz trecho do pedido recebido pelo dono do restaurante

Publicado em 30/05/2021 às 15:54Atualizado em 19/12/2022 às 03:25
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Na pandemia, mais pessoas aparecem para receber a comida, que é a mesma servida aos clientes (Foto/Terra do Mandu - via Estado de Minas)

Mesmo bem antes da pandemia da Covid-19, restaurante na região central de Pouso Alegre, no Sul de Minas, doa comida a pessoas em situação de rua e desempregadas. A ação é repetida todos os dias há cerca de dez anos, ao final de cada expediente, com a doação de aproximadamente 20 refeições diariamente. Cada pessoa traz suas próprias marmitas e recebe uma farta refeição, mas quem não tem vasilha recebe da mesma forma.

Contudo, a boa ação pode estar com os dias contados. Isso porque na semana passada o dono do estabelecimento foi surpreendido com ofício enviado pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais de Pouso Alegre, com a solicitação para que a entrega das marmitas seja suspensa na porta do estabelecimento. O documento sugere que a doação seja feita em outro local, fora da região central.

O pedido não é para interromper a doação aos moradores de rua. Mas mudar a maneira de entregar. “Mas como eles estão acostumados e não saem, vou continuar dando a comida”, afirma o dono do restaurante. Segundo ele, após o início da pandemia, houve um aumento na procura pelas refeições.

O ofício ainda cita as possíveis causas que levam as pessoas à situação de rua e informa que o município possui instituições que prestam o serviço de acolhimento, fornecendo café, refeições, banho e local para dormir, além do encaminhamento à cidade de origem, vagas de emprego e serviços de atendimento à saúde. No entanto, segundo o documento, algumas dessas pessoas recusam os serviços ofertados pelo município e preferem receber as doações nas ruas, dificultando as ações do poder público. A secretaria ainda pontua que prepara campanha de conscientização para que a população não dê esmolas nas ruas.

Diante disso, a secretaria pede que o restaurante busque “uma alternativa diversa da entrega diária de marmitas diárias na porta do estabelecimento”. O município alega que essas pessoas ficam grande parte do dia nas imediações do restaurante, causando transtornos na área central.

Após a repercussão do caso, a Secretaria de Políticas Sociais divulgou uma nota de esclarecimento, onde informa “o ofício pede apenas que a doação de marmitas não seja feita no local”.

Na nota, “a secretaria esclarece que reconhece a ação solidária do empresário e solicitou uma parceria com o restaurante para buscar alternativa conjunta para que as pessoas em situação de rua fizessem suas refeições nos equipamentos da Secretaria, pois dessa forma os mesmos estariam se alimentando em local apropriado e tendo acompanhamento dos profissionais da secretaria”. “A secretaria acrescenta que doações fora desses espaços contribui para a manutenção vulnerável dessas pessoas, dificultando a reinserção social”, conclui a nota.

*Com informações do Estado de Minas

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