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Cientistas brasileiros testam compostos para combater a febre amarela

A estratégia é chamada reposicionamento de fármacos, baseada na tecnologia High Content Screening (HCS) e consiste em triagem apurada de moléculas, analisadas por meio de uma varredura computacional

Publicado em 15/07/2018 às 11:40Atualizado em 17/12/2022 às 11:32
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 Um desafio de saúde pública no país, a febre amarela mobiliza cientistas. Não há tratamento específico para a doença, o que poderia reduzir a quantidade de mortes – nos últimos 10 meses, foram registrados 1.257 casos e 394 óbitos, segundo boletim do Ministério da Saúde. Em busca de resolver esse problema, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) usam uma técnica de análise computadorizada para identificar moléculas promissoras no combate ao vírus e encurtar a chegada de novos medicamentos aos pacientes.

A estratégia é chamada reposicionamento de fármacos, baseada na tecnologia High Content Screening (HCS). Consiste em uma triagem apurada de moléculas, analisadas por meio de uma varredura computacional. “Meu grupo de pesquisa trabalha com a busca de fármacos desde 2005. Estive na Coreia do Sul por oito anos e consegui trazer essa tecnologia de lá”, conta Lucio Freitas-Junior, pesquisador colaborador da USP e líder do estudo, ao Correio.

Com a técnica, Freitas-Junior e a equipe analisaram 1.280 compostos, testados no combate ao vírus da febre amarela. “Essa tecnologia imita o que acontece no corpo humano. Por meio de pequenas placas de ensaio individualizadas, que são espécies de potinhos, eles são testados em células do fígado humano, um órgão importante na infecção da febre amarela, e seu efeito sobre o vírus”, detalha o líder do estudo.

Das mais de mil moléculas testadas, 88 (6,9%) conseguiram, nas células, reduzir a infecção pelo vírus da febre amarela em 50% ou mais. Os cientistas destacam que o estudo traz resultados inéditos, ao localizar compostos que antes não haviam sido descritos com efeito contra a febre amarela, o que oferece uma oportunidade para o desenvolvimento de fármacos específicos. “Tentamos, nessa pesquisa, encontrar um caminho mais curto para a criação de medicamentos para a febre amarela. Queremos uma alternativa além da vacina”, ressalta Freitas-Junior.

Os processos de desenvolvimento de fármacos seguem fases de teste em laboratório em modelos experimentais, além de testes de segurança e testes clínicos, em humanos. Todo esse processo demora cerca de 10 anos. “Já a partir da estratégia de reposicionamento de fármacos, esse tempo pode cair cerca de três anos”, ressalta Freitas-Junior. Entre as amostras mais promissoras, duas também apresentaram eficácia contra a dengue.

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