Primeiro medicamento com substâncias derivadas da maconha tem a venda liberada

 Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a venda do medicamento Mevatyl, que contém substâncias como THC e canabidiol (CBD), ambos retirados da Cannabis sativa, a maconha. Antes da liberação pela agência reguladora, era permitida apenas a importação do remédio. O novo medicamento tem o uso liberado em 28 países.

A indicação é para adultos com espasticidade (rigidez muscular excessiva) e, segundo a agência, não é recomendável para casos de epilepsia, já que o THC, uma de suas substâncias componentes, pode causar agravamento das crises epiléticas.

Crianças e adolescentes com menos de 18 anos também não podem fazer uso da medicação devido à ausência de dados de segurança e eficácia para pacientes nessa faixa etária.

Para o neuropsicólogo e diretor de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Sergio Marçal, é um ganho inquestionável. “É uma questão necessária que demorou. O Brasil estava atrasado e muitas pessoas estavam fazendo importação clandestina. É mesmo inquestionável o benefício para vários quadros dentro da neurologia, principalmente com as epilepsias de difícil controle. Agora não sabemos como será, entre a liberação e a comercialização no Brasil e a chegada nas farmácias, pois existe uma série de questões para se verificar a padronização”, explica o neuropsicólogo.

Ainda segundo Sergio, como qualquer medicação, existem contraindicações. “Ao contrário do que as pessoas pensam, quando se fala do canabidiol pensam na maconha, mas não é. O canabidiol é um dos princípios ativos contidos na maconha, uma fórmula isolada em laboratório, o THC. Então, como qualquer outro medicamento, ele pode apresentar efeitos colaterais e precisa de controle especial de prescrição médica, sendo avaliada a condição do paciente e a dosagem que ele precisa e quais as restrições”, ressalta ele.