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Morte de servente em UPA acaba em pedido de indenização

Três filhas ajuizaram ação de indenização de danos morais e materiais contra a Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, a Pró-Saúde, e a Prefeitura de Uberaba

Daniela Brito
Publicado em 23/05/2015 às 21:23Atualizado em 17/12/2022 às 00:01
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Três filhas ajuizaram ação de indenização de danos morais e materiais contra a Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, a Pró-Saúde, e a Prefeitura de Uberaba depois que o pai delas, o servente Valtuir Fernandes, de 52 anos, faleceu após buscar atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Mirante. Elas acusam profissionais que atenderam o pai de negligência médica. “Se o meu pai tivesse recebido o tratamento adequado, ele estaria vivo”, diz uma delas, Kátia de Fátima Fernandes.

De acordo com a ação, distribuída à 5ª Vara Cível, o servente deu entrada à unidade no dia 24 de março, por volta das 20h, passando muito mal, acompanhado pelas filhas. Ele foi atendido por volta das 23h30. O médico disse a eles que os sintomas eram de infarto, tendo em vista as alterações constatadas no eletrocardiograma. Também foi realizado exame de sangue, mas como o resultado ficaria pronto somente no dia seguinte, o médico liberou o paciente para ir embora.

Como em casa Valtuir continuou passando mal, a família optou por retornar à UPA, às 7h30. O paciente estava com falta de ar, dor no peito e nas costas.  No entanto, não lhe foi dado encaminhamento. “Não havia nem cadeira e maca para o meu pai. Nós ficamos aguardando do lado de fora da UPA”, diz a filha, em lágrimas. Segundo ela, o pai chegou a deitar no chão, debaixo de uma árvore, e, por diversas vezes, imploraram para as enfermeiras que o colocassem, pelo menos, do lado de dentro da UPA, mas o ignoraram. Em certo momento, Valtuir sentiu tanta falta de ar que uma das filhas gritou um médico que passava, seguindo-o até as dependências internas. Sem êxito. A situação permaneceu a mesma até às 12h quando o servente deu um suspiro e caiu no chão. “Nesta hora, apareceu maca e médico. Aí o pegaram e o levaram para dentro da UPA”, afirma. Porém, o servente já estava morto e o corpo foi liberado às 14h30 para a família providenciar o funeral.

Kátia acredita que houve negligência no atendimento, pois o pai procurou a unidade por dois dias consecutivos e não conseguiu, permanecendo por horas no chão da porta da UPA. Para ela, o pai deveria ter sido internado e, os médicos teriam de requerer a transferência para o Hospital de Clínicas da UFTM, devido à gravidade do paciente. “O caso dele era de vaga zero”, avalia a filha, em entrevista ao Jornal da Manhã.

A ação busca indenização no valor de 40 salários mínimos, a título de danos morais e ainda pensão vitalícia às autoras, três filhas do paciente, até a idade de 75 anos e ainda R$ 88 mil por dano material, ou seja, lucros cessantes, os quais o servente deixará de receber até o final de sua vida, colocando por média, a renda mensal. A ação será analisada pela juíza Régia Ferreira de Lima, que já abriu vistas para o Ministério Público.

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