GERAL

Verde não pode ficar fora de planejamento urbano

Boa parte dos problemas de saúde é causada por estresse e conflitos, porque falta o lazer na vida das pessoas... Leia Mais...

Gisele Barcelos
Publicado em 05/03/2015 às 12:08Atualizado em 17/12/2022 às 01:09
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 Apesar da expectativa de urbanização e desenvolvimento econômico, o meio ambiente não pode ser abandonado na preparação de Uberaba para o futuro. A cidade precisa dar atenção especial às áreas verdes no planejamento, para não enfrentar os mesmos problemas de grandes “selvas de pedra”, como São Paulo, onde o excesso de carros, o barulho e a poluição prejudicam drasticamente a qualidade de vida da população. Para o ambientalista Renato Muniz, a mudança deve começar no foco do planejamento a partir de agora, porque Uberaba já apresenta baixa taxa de arborização. Ele ressalta que a cidade, mesmo ainda considerada de médio porte, registra índice de área verde inferior ao preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).  A recomendação da entidade é de 12 metros quadrados por habitante, enquanto a média do município gira em torno de oito metros quadrados por pessoa. Mestre em Análise e Planejamento Socioambiental, Muniz avalia que até então a visão dos planejadores era priorizar o uso do carro. Por isso, foram tomadas medidas como a canalização do córrego que cortava a cidade e também suprimidas áreas de vegetação para viabilizar mais espaço para avenidas. No entanto, o ambientalista reforça que a decisão teve um preço. Ele exemplifica que a perda de área verde por causa do processo de urbanização aumentou a impermeabilização do solo, intensificando o calor na época de seca e trazendo transtornos, como as enchentes e inundações no período de chuva. Com isso, Muniz defende que o crescimento da cidade precisa acontecer de forma harmoniosa com o meio ambiente, ou perderá o sentido. “Isso afeta a água que consumimos, o ar que respiramos e o espaço que temos de vida, circulação e lazer. Se quisermos uma Uberaba melhor, precisamos de mais praças e parques verdes. Temos que plantar isso desde já. Árvore não cresce de um dia para outro. Na verdade, devíamos ter começado há 20 anos”, salienta. Uma das medidas neste sentido, conforme o especialista, seria repensar a ocupação do Parque do Paço, no entorno do novo Fórum. A região vem sofrendo um intenso processo de urbanização, mas abriga várias minas de água e vegetação, que precisam ser preservadas para facilitar a absorção de água e não agravar o problema das enchentes. O mesmo também vale para os mananciais localizados próximo à avenida Santos Dumont, que devem receber atenção especial para não ser engolidos por prédios e imóveis construídos na região. “São ações que precisam ser planejadas agora, porque sai mais caro consertar depois”, adverte. Outra proposta defendida por Muniz é a criação de um parque ecológico na Univerdecidade, na confluência entre o Rio Uberaba e o Córrego das Lajes. Além de aumentar a área verde disponível no município, ele afirma que o espaço facilitaria a fiscalização da qualidade da água nos afluentes. E não é apenas o centro que precisa de mudanças. Para o ambientalista, o verde também precisa ser prioridade nos novos bairros, juntamente com as escolas, postos de Saúde e iluminação pública. Segundo ele, a falta de recursos financeiros não pode ser uma desculpa, porque a implantação de uma praça, por exemplo, não demanda investimento de valor alto. Além disso, o especialista sugere que os loteamentos em construção sejam equipados com bibliotecas e opções culturais para atender a comunidade. “Boa parte dos problemas de saúde é causada por estresse e conflitos, porque falta o lazer na vida das pessoas. Então, precisamos pensar uma cidade que proporcione espaços agradáveis de convivência, tanto para quem mora no centro quanto para quem está nos bairros periféricos”, finaliza. (GB)    Gilnei Gouvêa

Criação de um parque ecológico na Univerdecidade é uma das propostas defendidas pelo ambientalista Renato Muniz  

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