As mortes dos cartunistas da revista francesa Charlie Hebdo foram um atentado contra a humanidade
As mortes dos cartunistas da revista francesa Charlie Hebdo foram um atentado contra a humanidade em sua liberdade de expressão e, de repente, todo o planeta era Charlie Hebdo. Uma prova mais de que o fundamentalismo não se justifica em nenhuma das suas formas, revelando-se como uma incessante usina de produção de dor, ódio, medo e tristeza em seus graus máximos.
Não é possível conceber que emane de uma religião qualquer alusão à matança como forma de professá-la. Os grandes líderes religiosos da história humana dedicaram suas existências essencialmente às pregações de justiça, tolerância e amor ao próximo.
As guerras santas são as mais sanguinárias dentre todas as outras. Ao contrário de uma batalha ideológica, as lutas travadas em nome de um deus não encontram limites por parte de seus soldados, pois, eles já não combatem pelo seu país ou por suas famílias.
Matam em nome de seu deus; é o objetivo final do espírito.A fé mal encaminhada e cega impinge ao Homem os maiores desvios daquilo que pretenderam seus líderes originais, confundindo-se nas entranhas da política e contaminando-se com os prazeres materiais.
Os irmãos autores da última chacina dividiram em vida a mesma alucinação que derrubou as torres gêmeas do World Trade Center e que os levou também à morte.
A morte, aliás, foi o maior dos seus troféus. Ela os fez mártires para o resto do mundo fundamentalista.
Foi-lhes dado o final de glória suprema por seu ato.Nesse sentido, o que de pior lhes poderia ter sido imposto do que a humilhação da prisão, de onde poderiam ver a reação reprovadora dos maiores líderes do mundo islâmico, encontrando nos ensinamentos do Corão toda a condenação espiritual que lhes cabe.
E ao cativeiro, pelo resto de suas vidas, fossem enviados a cada nova edição, dois exemplares fresquinhos da Charlie Hebdo.
Carlos Alberto de Oliveira
Escritor