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Investimento e cultura de poupar

Em Economia se aprende que, um país

Sérgio Martins Silva
Publicado em 13/06/2013 às 20:40Atualizado em 19/12/2022 às 12:30
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Em Economia se aprende que, um país para ser próspero e promover o desenvolvimento social e econômico, precisa fortalecer sua Poupança Interna para que seja transformada em investimento no presente e no futuro. Por poupança, entende-se que ela advém de fontes internas e externas. No caso brasileiro esta representa 16% do Produto Interno Bruto (PIB), um número muito insuficiente para suprir o ciclo de investimentos e, assim apoiar o crescimento econômico. De outro lado, por investimento entende-se que é a aplicação de capital em produção para o aumento da capacidade produtiva, que se traduz em instalações industriais, máquinas, instrumentos, equipamentos, etc., conhecidos por bens de capital, cujo resultado é a produtividade.

Em termos gerais, o Brasil poupa hoje menos do que na década de 1970, quando a taxa era de 20% do PIB e corre um considerável risco, se as fontes externas começarem a crescer muito em função do aumento dos juros, o que traria insegurança e vulnerabilidade a crises externas.

Sob o aspecto individual, a poupança representa uma reserva que não ultrapassa a dimensão familiar e que pode se transformar em investimentos que a pessoa vá fazer ou mesmo direcionar o dinheiro para o consumo. Todavia, o conjunto dos recursos internos (soma das poupanças individuais) vai induzir o investimento da economia como um todo, envolvendo os setores agrícolas, industriais, comerciais e de serviços.

Neste sentido particular, uma pesquisa da Serasa Experian mostra que sete entre dez brasileiros não têm o hábito de guardar dinheiro e que metade desconhece as vantagens de poupar. São 60% de brasileiros que não poupam e a falta de conhecimento sobre suas vantagens pode explicar a falta de interesse. Pelo levantamento, a maioria entrevistada não sabia ou não soube informar quanto teriam em uma aplicação financeira após um ano se aplicassem R$100 com juros de 2% no período (resposta: R$102,00).

No contexto das escolhas individuais, o estudo mostra que 35% das pessoas sentem mais prazer em gastar imediatamente do que em poupar e, 30% dos entrevistados confessam comprar por impulso. Para 38% dos respondentes, o comportamento de economizar e conseguir desconto no pagamento à vista não está em seus planos.

O mais interessante é que estas atitudes não apresentam variações com a renda, escolaridade ou classe social, o que demonstra que é um traço cultural ainda não absorvido pela população. É bem verdade que o Brasil conviveu durante muitos anos com a inflação, que desestimulou a poupança interna. Entretanto, já se passaram quase duas décadas de estabilidade monetária no País. Neste caminho, os governos e os governantes não souberam ensinar a Nação sobre os benefícios da poupança doméstica.

A saída ainda é o investimento em educação continuada e persistente. Os reflexos serão fatalmente os melhores para as próximas gerações de brasileiros.

(*) Professor e economista

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