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Imprevisto x Improviso

Os mais sistemáticos que me perdoem, mas improvisar é fundamental. Não sou contra o planejamento

Marcos Vinícius Zani
Publicado em 11/07/2010 às 14:56Atualizado em 17/12/2022 às 06:29
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Os mais sistemáticos que me perdoem, mas improvisar é fundamental. Não sou contra o planejamento. Sou o primeiro a defendê-lo. Estou apenas lembrando que a maioria deles, em algum momento, “fura”, e quando isso acontece, entra sua capacidade de criar. Criação pode também significar improvisação. A rigor, a língua portuguesa dá ambíguas definições para o imprevisto, mas, na prática, ele tem um papel importante nas transformações para a excelência. O problema é que viemos de culturas multidisciplinares que nos ensinaram que um bom plano é o suficiente para evitarmos erros e gerarmos acertos. Ainda vaga a sensação de que a estratégia perfeita é aquela que não muda o que já se combinou. E que a coisa funciona desse ou daquele jeito. A sociedade nos cobra posições bipolares e não favorece o “depende”, o relativo, a decisão personalizada e há até o preconceito de interpretar essa posição como uma postura indecisa. Você sabe que não é bem assim. A nossa história genética está repleta de imprevistos e improvisos. São fatos repentinos, acasos, incidentes e contratempos que nos surpreenderam e que nos levaram a um reposicionamento, muitas vezes, de vida. As maiores empresas do mundo são as que possuem os melhores planejamentos e as melhores improvisações. São rápidas na resposta ao imprevisto e criam formas novas de se fazer. Fazem do inesperado oportunidades para se ganhar um mercado pioneiro. Por isso são grandes. Não perdem tempo com o problema e investem tempo com a solução. São flexíveis e não focam apenas no culpado, e sim na melhor alternativa para transformar o fracasso na busca pelo sucesso do todo. Mas como acabar com a crença de que improvisar é “quebrar o galho”? Basta chamar o responsável pelo improvis o imprevisto. Quando algo sai do planejado, é sinal de que você terá que buscar outras ferramentas instantâneas no seu mapa mental para que o objetivo seja cumprido. Respeitando os processos éticos, o foco deve ser no resultado.  O mundo é muito imprevisível! Imprevistos acontecem o tempo todo nos fazendo sentir fortes emoções. Não prevê-los não é, necessariamente, falta de visão ou conhecimento. Evidentemente, quanto mais se tem de bagagem cultural, experiência de vida, informação e formação, mais se pode prever o que acontecerá, mas nem sempre é o suficiente. Em outras palavras, um planejamento ruim é quando não prevê o previsível, aquilo que tinha uma razoável chance de acontecer. Porém, o planejamento não tem a obrigação, por regra, que prever o imprevisto, o inesperado. E quando o que ninguém esperava acontece, improvise.

Outro engano em relação ao improviso é entender que é o ato de inventar por inventar. Improvisar é nada mais do que juntar um pouco de boa vontade com muitas habilidades dispersas. Ninguém cria com base no nada. Para se ter essas competências é preciso acumular conhecimentos múltiplos, técnicos e holísticos, para que, no tempo ideal, faça deles uma arte precisa para a sobrevivência: a improvisação.

(*) publicitário, professor universitário, palestrante e consultor de Comunicação e Marketing

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