Há poucos dias, nesta coluna semanal, preocupado com desagradáveis notícias sobre exploração pecuniária de muitas pessoas em nome da religião com promessas de prosperidade, tentei mostrar, à luz da Teologia, a figura do bispo, sucessor dos apóstolos. É ele o pastor, que tange o rebanho em nome de Cristo, apontando a direção que nos é apresentada pelo Evangelho.
Muito linda e importante esta missão de iluminar as pessoas – crianças, jovens e adultos – com a sabedoria do Evangelho para que vivam na fraternidade e na unidade da fé. De fato, o conhecimento do Evangelho e a vivência de suas normas, nos levam à comunhão entre as pessoas e com Deus. Isto faz a verdadeira Igreja de Jesus.
O Papa, na recente visita à Terra Santa, lembrava que, ao contrário do que se pode pensar, a Igreja, por sua própria natureza, é expressão de harmonia e unidade entre as pessoas e com Deus. Nas diferenças, que infelizmente existem, há lugar para o diálogo respeitoso e sincero na busca da verdade. Assim pensa aquele a quem Deus entregou as chaves do reino.
Para nós, cristãos católicos, a Igreja se fundamenta em Cristo e é por Ele sustentada. Por isto não pode ela nunca separar-se dEle. São Pedro, na sua epístola (1ª Pd 2), nos lembra que é Ele o único fundamento da comunidade eclesial, a pedra viva, preciosa aos olhos de Deus. E São Paulo, na Epístola aos Efésios (2, 20-22), afirma que também nós somos pedras vivas, um edifício espiritual, lugar da morada de Deus. São imagens para compreendermos o que é a Igreja de Cristo e o que somos nós, cristãos, membros vivos deste corpo místico.
Ainda uma palavra sobre o que é a Igreja. Foi Jesus que a fundou sobre a rocha, única, a qual a força destruidora do mal não consegue destruir (Mt 16, 18). A Igreja é “sacramento”, isto é: sinal visível da graça santificadora de Cristo, cuja humanidade também tem o sentido de “sacramento” por excelência. É por isto que o teólogo Teixeira Penido afirma que “sendo a igreja santa por essência, as suas atividades todas transudam santidade”.
Estas considerações de ordem teológica têm a finalidade de fazer compreender melhor a essência da única Igreja que Cristo fundou e assim evitar que haja os que a abandonem por ilusórias promessas de prosperidade material. É, pois, a Igreja a morada de Deus entre os homens.
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro