Wilson Rondó Júnior orienta que as crianças comam peixes, em função dos nutrientes vitais ao desenvolvimento do cérebro
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Wilson Rondó Júnior orienta que as crianças comam peixes, em função dos nutrientes vitais ao desenvolvimento do cérebro
Estudos recentes têm mostrado que as crianças são mais susceptíveis à exposição ao mercúrio do que os adultos. Mesmo assim, especialista alerta que cortar das crianças o consumo de peixes não é a melhor solução. Hoje, qualquer exposição ao mercúrio e a outros tóxicos tem sido correlacionada com riscos para os adultos. Mas pouca atenção tem sido dada às crianças, por se entender que elas têm o mesmo grau de vulnerabilidade, o que não é verdade.
Segundo o nutrólogo Wilson Rondó Júnior, há diferenças importantes entre crianças e adultos quanto ao efeito dos químicos tóxicos. “As crianças têm maior exposição aos químicos por peso corpóreo. Elas consomem cerca de sete vezes mais água, comem quatro vezes mais calorias e respiram o dobro de ar por quilo/peso corpóreo que os adultos. Os estudos têm mostrado que crianças de baixo peso e estatura baixa têm apresentado aumento de toxicidade por mercúrio e outros compostos”, frisa.
O especialista destaca que a habilidade das crianças em metabolizar compostos tóxicos é significativamente menor do que a dos adultos, pois elas têm falta de enzimas necessárias para degradar e remover esses químicos do corpo. “As crianças apresentam uma janela de vulnerabilidade maior, pois mesmo em casos de exposições por minutos elas podem ter a função orgânica comprometida e disfunção ao longo da vida”, informa.
Essas diferenças podem explicar o que foi encontrado em um estudo realizado com 100 crianças e publicado no Environmental Research, em que foram avaliadas crianças entre 9 e 11 anos. “Os pesquisadores especulam que o mercúrio dos peixes aumenta a produção de proteínas inflamatórias, o que causa uma eventual supressão dos níveis de cortisol, inflamação sistêmica e comprometimento do sistema endócrino das crianças. E essas alterações ocorreram mesmo com níveis baixos de exposição ao mercúrio”, afirma.
Por outro lado, segundo estudo da Environmental Health Perspectives, o consumo de peixe pode somente responder por 71% dos níveis de mercúrio no corpo. “Peixes e frutos do mar contêm nutrientes vitais para o próprio desenvolvimento do cérebro, como ômega 3, selênio, zinco e proteína de alta absorção. Salmão e sardinhas são ricos em ômega 3 DHA e EPA. Portanto, aconselho que as crianças comam peixes”, frisa o nutrólogo.
Wilson Rondó Júnior recomenda buscar estratégias para evitar a contaminação por mercúrio. “Se seu filho apresentar cáries, evite usar obturações de amálgama. Dê preferência a resinas, pois são bem resistentes à contaminação por mercúrio das obturações, que podem passar pela barreira hematoencefálica e placenta. Forneça à criança uma alimentação rica em glutationa, selênio, cobre, zinco, magnésio, B6, B12, folato e vitamina E. E realize um exame para determinação do nível de metais tóxicos, em especial o mercúrio, o mineralograma, periodicamente”, completa.