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Falando de dinheiro e emoção

Como você se relaciona com o dinheiro? Você sabia que nos deixamos guiar pela irracionalidade e pelos sentimentos, frequentemente, quando o assunto é dinheiro?

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 03/09/2009 às 19:42Atualizado em 20/12/2022 às 10:48
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Como você se relaciona com o dinheiro?

Você sabia que nos deixamos guiar pela irracionalidade e pelos sentimentos, frequentemente, quando o assunto é dinheiro?

Você sabia que o homem que calcula, tranquilamente, suas transações financeiras, é um modelo fictício dos economistas?

Você sabia que na vida real o comportamento humano, nas decisões econômicas, costumeiramente, não é controlado?

As emoções distorcem nossas percepções e altera a capacidade de calcular.

Será que na vida, o indivíduo não tem tempo de realizar tudo várias vezes e aprender com os seus erros?

O dinheiro carrega consigo uma significante força psicológica.

O dinheiro tem grande poder simbólico e funciona como um recurso de interação cultural, habilitando as pessoas a manipular o meio para obter o que desejam. Nesse sentido, assume o papel de substituto do afeto. Pesquisas mostram que, para algumas pessoas, o ato de tocar em notas de dinheiro pode reduzir, momentaneamente, alguma dor.

As trocas econômicas ocorridas ao longo da história tornaram possível para nossos antepassados desenvolver a capacidade de reconhecer a diferença entre situações regidas por regras sociais ou de mercado – o que pode ter ocorrido antes mesmo do aparecimento da moeda. Temos a capacidade de reconhecer as pistas associadas com o mundo mercantil de forma imediata, inconscientemente.

Você prepara seu filho para organizar-se economicamente?

Atualmente, no Brasil, dezenas de cursos de educação financeira são oferecidos em escolas particulares, faculdades, corretoras e em outros locais. Há algumas décadas, entretanto, a possibilidade de ter aulas sobre como lidar com a própria vida financeira era impossível. Até porque a ideia disseminada pela cultura católica de que acumular bens pode ser pecaminoso, em contraposição à de que é de fato prazeroso desfrutar confortos materiais, causou paradoxos na cabeça de muita gente. E o dinheiro, embora extremamente desejado, simbolicamente, tornou-se para muitos, ícone de sujeira e constrangimento, sendo difícil falar dele de forma objetiva, sem levar em conta suas conotações psíquicas.

Sabe-se que os sentimentos, as variações de humor e os traços de personalidade podem afetar nossas decisões econômicas. Indivíduos especialmente ansiosos, por exemplo, podem ficar tão incomodados com o desconforto de ter de fazer determinado investimento, como uma compra ou venda, que terminam por fechar o negócio de maneira precipitada. Pessoas deprimidas correm risco de fazer negócio desfavorável. Vítima da apatia ou da auto-estima rebaixada, o indivíduo pode perder boas oportunidades ou recorrer a aquisições desnecessárias, a fim de tentar aplacar com bens, o vazio afetivo. Pessoas muito confiantes, que acreditam ser possível obter ganhos mirabolantes, rapidamente e sem esforço, geralmente se decepcionam. Em geral, seguem dicas que não se confirmam. A promessa de lucros fáceis, ativa o mecanismo cerebral de recompensa, que desencadeia atitudes compulsivas.       

O comportamento não costuma ser racional na vida real. A administração econômica foge do controle, comumente. A tendência é gastar duas vezes mais quando se usa cheque, do que quando se efetua pagamento com cédulas e moedas.

A incapacidade do homem de agir racionalmente pode ser observada nas mais simples atividades rotineiras. Pessoas que fazem compras com cartão de crédito, em vez de usar dinheiro vivo, tendem a comprar mais.

Como você lida com ganhos e perdas financeiras?

(*) psicóloga clínica

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