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Falando de cultura...

Falando de conhecimento...

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 17/12/2022 às 04:10
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Falando de conhecimento...

Falando de sociedade... II

As circunstâncias sob as quais o conhecimento é possível são de natureza variada, como física, psíquica, social e cultural. Desde a organização celular até a organização social existem, portanto, evoluções e multiplicações de fenômenos individuais e sociais influentes e influenciáveis.

A raiz comum de todo conhecimento e de toda consciência não seria compreensível de forma redutiva, mas envolve todos os fatos e acontecimentos, todas as representações mentais, as palavras, os discursos, os mitos e as idéias do indivíduo e da sociedade.

As culturas modernas apresentam uma grande variedade de princípios, regras, métodos do conhecimento racional, empírico, místico, poético, religioso, político... permitindo que se alternem, se unam. Desta forma, a complexidade do conhecimento humano fica evidente, porque não se trata apenas do conhecimento de um cérebro em um corpo e de uma cultura, trata-se do conhecimento que gera, através de caminhos biológicos, antropológicos e culturais, uma mente no aqui e agora.

As capacidades organizacionais do cérebro humano necessitam de condições socioculturais para poder se atualizarem, e estas, por sua vez, precisam da capacidade da mente humana para organizá-las. A cultura está nas mentes, ela vive nas mentes que estão na cultura, que vivem na cultura. Daí se produzem as instâncias produtivas do conhecimento em colaboração recíproca, existe uma complexa unidade de recursos entre produtor e produzido no que se refere ao conhecimento e, simultaneamente, há uma relação entre cada instância produtora e produzida, sendo que cada uma abrange a outra e, nesse sentido, cada uma abrange o todo.

O que significa isso?

Isso significa que não só o mais insignificante conhecimento contém também componentes biológicos, cerebrais, culturais, sociais e históricos. Isso significa também que mesmo a idéia mais simples necessita de uma extraordinária complexidade bioantropológica e, ainda, de uma grande complexidade sociocultural.

O conhecimento está, portanto, em todos os sentidos, ligado à estrutura da cultura, à organização social e à realidade histórica. Nesse contexto, ele não é somente condicionado, determinado e gerado, mas ele próprio atua como coordenador, determinante e gerador.

A cultura é intrínseca ao conhecimento humano.

É a cultura que fornece ao pensamento – característica do homem – as condições para a realização, a concepção e a conceitualização deste pensamento. É a cultura que imprime, que forma e que regula as formas individuais do conhecimento. A cultura está no conhecimento e o conhecimento está na cultura.

A sociedade, através da cultura, é intrínseca ao conhecimento humano.

Como poderíamos entender o conhecimento?

Poderíamos entender o conhecimento como sendo o resultado de interações biológicas, de interações antropológicas e de interações socioculturais.

Sobre o ser, no ventre da mãe, a esfera sociocultural atua já antes do nascimento, com influências ambientais, sons, hábitos alimentares e outros hábitos maternos. Em seguida, atuam e influenciam as técnicas do parto, a maneira como o recém-nascido é recebido e tratado e depois, a família, o ambiente social e a educação, que, através da linguagem, colocará à disposição de cada indivíduo princípios, regras e instrumentos do conhecimento.

Assim, a cultura atua por todos os lados sobre a mente do ser humano.

(*) psicóloga clínica

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