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Exemplo

A globalização nos permite constatar como um mesmo conceito pode ser readaptado diversas vezes, promovendo ciclos de sucesso. Recentemente, Maurício de Souza fez um acordo com o governo chinês

Mário Salvador
Publicado em 18/08/2009 às 19:39Atualizado em 20/12/2022 às 11:08
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A globalização nos permite constatar como um mesmo conceito pode ser readaptado diversas vezes, promovendo ciclos de sucesso. Recentemente, Maurício de Souza fez um acordo com o governo chinês para adaptar histórias da Turma da Mônica que servirão como subsídio em um programa de alfabetização naquele país. O cinema americano está adaptando filmes asiáticos. Uma emissora de televisão brasileira está refilmando uma novela colombiana. A questão é: por que, numa era em que se reaproveitam tantas ideias, poucos têm se interessado por copiar boas atitudes?

Ainda há pouco, a Rede Globo trouxe uma reportagem, em um de seus programas, sobre a instalação de uma usina de reciclagem do lixo em determinada cidade. São muitas as vantagens proporcionadas por essa iniciativa ecológica. Naquela cidade, o aterro sanitário, que estava com um tempo de vida previsto para seis anos, agora — com o tratamento do lixo — poderá durar vinte e cinco anos. Todos os pequenos agricultores locais recebem gratuitamente adubo orgânico, proveniente daquele material, o que ajuda a promover a sustentabilidade. Há, ainda, a geração de empregos.

Outros municípios destacam-se pela cultura de respeito no trânsito. Em Brasília, por exemplo, os motoristas chegam a parar seus veículos, dando a preferência aos pedestres, conforme exige a lei. E há países, como Portugal, onde, mesmo em lugares onde não existe faixa indicando passagem para pedestres, é comum motoristas pararem os veículos e acenarem para os pedestres passarem.

Em países com alto índice de educação política, como Inglaterra e Japão, os ocupantes de cargos públicos pegos em flagrante desviando dinheiro público para o próprio bolso ou se aproveitando do cargo para beneficiar parentes, amigos ou empresas veem-se na obrigação de pedir desculpas pelo erro e deixam imediatamente seus cargos. Em muitos casos, atentam contra a própria vida. Por aqui, por maiores que sejam os escândalos do cidadão aboletado no poder, ele se defende ferrenhamente, pois “não pode ser tratado como cidadão comum e tem um passado que merece atenção”, e acaba permanecendo no poder. Quando sente que o problema chegou ao seu clímax, começa a apelar. Pede demissão, afasta-se, deixa a poeira assentar e, na eleição seguinte, é reeleito.

Aprender com a experiência dos outros é um dos caminhos para o sucesso. Esse pensamento é comum num ambiente corporativo. Uma cidade, para atingir o nível de vida de Primeiro Mundo, precisa ser tratada como uma empresa. Daí a urgente necessidade de ela colecionar exemplos, estudar histórias de superação e, o mais importante, remodelar a forma como percebe o mundo. Para que uma cidade consiga desenvolver todo o seu potencial, precisa implementar ideias como sustentabilidade, educação política e cultura de respeito. E a forma mais simples e eficiente de ela conseguir isso é olhar para o que outras cidades à sua volta estão fazendo.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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