Diariamente nos deparamos com notícias ruins. Basta ler jornais ou revistas
Diariamente nos deparamos com notícias ruins. Basta ler jornais ou revistas, assistir TV ou simplesmente participar de grupos de WhatsApp. Elas chegam e se inserem em nossas conversas, reflexões e atitudes. São tragédias nacionais ou de outros países, dramas individuais ou coletivos, como atentados a bomba, mortes por falta de atendimento médico, demissões em massa, assassinatos, falências de empresas e corrupção generalizada. Todos ficam sabendo, porém reagem a elas de forma diferente.
Na recente greve dos caminhoneiros, que tantos danos causou à já combalida economia brasileira, fiquei assustada com reações de contentamento por parte de pessoas que defendem o quanto pior, melhor. São os que eu denomino “espíritos de porco”. Dizem que o porco é um animal teimoso e faz sempre o contrário do que é forçado a fazer. Para conduzir o animal para a frente, basta puxar o rabo dele para trás. Em contrapartida, para ele ir para trás, puxamos as orelhas para a frente. Assim se comportaram muitos. Diante das reivindicações justas dos caminhoneiros e da dificuldade de negociação do governo, fraco e nos seus últimos meses, torceram e alardearam o caos. Recomendavam a corrida aos supermercados para abastecer os lares, pois tinham notícias quentes que a greve se estenderia por muito tempo, e o faziam com indisfarçável contentamento. Como arautos da boa-nova, anunciaram a iminência de um golpe militar no país. O esvaziamento da greve os fez murchar. São os mesmos que diante da notícia sobre a decretação da falência de um shopping em Uberaba (depois desmentida) disseram em alto e bom tom: bem feito, eu sabia que não ia dar certo. Torcem contra nossa cidade e país, incapazes que são de usar a crítica como ajuda para a solução e não como gozo pelo fracasso.
Quero deixar claro que sou uma crítica contumaz. Como cidadã, padeço com o preço alto dos combustíveis e, como economista, vislumbro erros empresariais que podem levar a consequências desastrosas. Nem por isso torci pela permanência da greve, com suas graves consequências, e sofro muito com a perspectiva de fechamento de quaisquer empresas. Sou contra as pessoas que estão sempre do avesso, acusando e apontando os erros dos outros, num dar de ombros acintoso com o problema alheio. A palavra que me vem à cabeça diante de qualquer notícia ruim sempre é solidariedade. As tragédias estão cada dia mais próximas de todos nós e atingem até os espíritos de porco.