ARTICULISTAS

Entrando na contramão

Os leitores do Jornal da Manhã já devem ter notado que, nas suas últimas edições, a primeira página estampa fotos de acidentes graves no trânsito. Embora não seja agradável

Mário Salvador
Publicado em 04/08/2009 às 21:46Atualizado em 20/12/2022 às 11:23
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Os leitores do Jornal da Manhã já devem ter notado que, nas suas últimas edições, a primeira página estampa fotos de acidentes graves no trânsito. Embora não seja agradável começar o dia vendo uma notícia tão séria, o jornal, insistindo no tema, convida-nos à reflexão.

É por isso que, já há algum tempo, venho cozinhando a ideia de sugerir uma significativa campanha de segurança no trânsito, envolvendo todos os cidadãos uberabenses.

Nosso Prefeito apresentou inteligente projeto para instalar radares móveis nas ruas da cidade. Sem dúvida, uma ótima medida para coibir abusos no trânsito. Entretanto, conforme notícia veiculada neste jornal, o Prefeito, acuado por alguns vereadores, desistiu da proposta.

Nesses tempos em que ser politicamente correto é lei, meu ponto de vista pode até soar como ingênuo ou utópico. Afinal, haveria motivo para apoiar mais uma fonte de arrecadação para o governo, como é o caso da chamada indústria da multa?

A verdade é que associar o pardal à multa é um raciocínio simplório, pois o responsável pela multa por excesso de velocidade ou por avanço de um sinal não é o radar, mas o motorista; o aparelho apenas registra a possibilidade ter havido uma infração. E certas infrações registradas pelo radar eletrônico podem e devem ser legalmente contestadas, como o avanço de sinal para dar passagem a ambulâncias ou ao Corpo de Bombeiros. A justificativa cancela a multa.

A existência de um radar, em geral, coíbe o excesso por parte de muitos motoristas. Ao se aproximarem da barreira eletrônica, esses motoristas diminuem a velocidade do veículo e não ultrapassam cruzamentos quando o sinal está vermelho. Enfim, ficam mais cautelosos, valendo-se das diretrizes da direção defensiva.

Como, em sua maioria, as notícias relatando acidentes indicam a alta velocidade como causa principal, a instalação de radares seria uma forma de aumentar a segurança de todos, fato que deve servir mais como lembrete das leis de trânsito do que como instrumento de punição.

Como creio firmemente que é imprescindível proteger a vida do motorista e de seus passageiros, dos pedestres e dos ocupantes de outros veículos, faço aos leitores uma ousada proposta: deixemos a Prefeitura sem arrecadar nosso dinheiro por meio de multas, fazendo com que os radares, durante pelo menos um ano, não registrem uma infração sequer. Para isso basta-nos um pouco mais de cuidado enquanto motoristas.

Uberaba é uma cidade em expansão. Esse fato nos traz evidentes benefícios, mas, ao mesmo tempo, um fardo pesadíssim a flagrante necessidade de uma reengenharia da sua infraestrutura. E, como cidadãos, ou nos assumimos como condenados a ver uma escalada do número de acidentes de trânsito envolvendo nossos familiares, amigos e colegas, ou nos reeducamos, assumindo definitivamente as leis de trânsito.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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