Alguns momentos ficam marcados nas nossas vidas, mesmo que acontecidos quando...
Alguns momentos ficam marcados nas nossas vidas, mesmo que acontecidos quando bem pequenos. Tenho lembrança dos domingos, quando criança, que íamos à missa na Igreja São Benedito, ministrada pelo querido Padre Vicente Ambrósio. Meus pais faziam questão de que todos os filhos, sempre unidos, vivenciássemos, semanalmente, esse momento de doação e fé. Sentávamos sempre no mesmo lugar, no canto direito, na quarta fileira. Admirava-me com a devoção das famílias e, mesmo com toda a inquietação de um menino, me sentia bem naquele ambiente.
Acompanhava todas as etapas pelo folheto e sempre, antes do início, eu já virava na última página para ver se a missa seria muito longa. Na verdade, eu queria que logo chegasse o instante da celebração que eu aguardava com toda ansiedade. A comunhão era um momento mágico. Sempre o mesmo ritual. Observava os gestos do Padre, conduzindo o Corpo de Cristo, que adentrava à alma do pecador que ali estava tentando, de alguma forma, purificar o seu espírito. Conseguia perceber a aura iluminada de cada um, que lentamente voltava para seu lugar revigorado, ajoelhando-se para um momento íntimo de oração.
E as canções, como me emocionavam. Em especial a bela Oração de São Francisco de Assis. Quando iniciavam os acordes do violão, eu já me entusiasmava e cantava todos os versos, acompanhando o coro afinado que ecoava naquele ambiente sagrad “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna”. Um verdadeiro Hino que deveria nortear a vida de todos os indivíduos.
Ao final da missa, uma caminhada, todos juntos, com o coração límpido pela graça de Deus. Voltávamos pra casa, sentávamos à mesa e ficávamos ali, por todo o dia, dividindo não só as alegrias, mas também, nossas angústias, compartilhando a fé e a crença, aplicando os ensinamentos de São Francisco de Assis, tornando nossa família, instrumento de amor e harmonia.
(*) Professor e Pesquisador da Universidade de Uberaba. Chefe de Gabinete da Prefeitura de Uberaba