#18 – GP de Austin – A tábua da salvação de Checo

Para o GP Texano, a etapa Sprint foi uma novidade. Esta foi a primeira vez desde a criação das corridas curtas aos sábados que tivemos uma sequência delas, uma vez que a etapa anterior no Catar também contou com uma Sprint. O final de semana com corrida curta nesta pista foi uma verdadeira tormenta para aquela turma que trabalha atrás da mureta dos boxes.

Irregular. Nas etapas com corrida Sprint, o primeiro treino na sexta-feira é dedicado ao ajuste dos carros para a corrida de domingo, uma vez que a classificação para a corrida principal acontece no lugar do segundo treino da sexta-feira. Entretanto, o asfalto em Austin possui várias irregularidades, apesar das melhorias recentes. Isso confundiu a equipe técnica, pois essas irregularidades obrigam a elevar a altura dos carros.

Com o novo regulamento de 2022, os carros utilizam o assoalho como parte principal da aerodinâmica. Quanto mais alto o carro, menor é a pressão aerodinâmica, o que resulta em perda de aderência nas curvas e maior desgaste dos pneus, afetando o tempo no cronômetro. Uma Mercedes e uma Ferrari foram desclassificadas horas após a corrida por não atenderem à altura regulamentar.

Sábado. Verstappen fez a pole position da Sprint, seguido por Leclerc, Hamilton, Norris e Piastri. Na largada, Max espremeu a Ferrari 16 e manteve a ponta. Lewis aproveitou e ultrapassou Leclerc ao completar a primeira curva. Posteriormente, Russell ultrapassou Piastri fora do traçado e sofreu uma punição. Engraçado é que Lewis também fez uma ultrapassagem fora e não foi punido. Como sempre, os comissários têm maneiras diferentes de interpretar uma mesma situação. No final, Max ganhou com uma vantagem superior a nove segundos sobre Lewis, e Leclerc completou o pódio, com Norris e Perez completando os cinco primeiros.

Folgado. Na classificação para a corrida principal na sexta-feira, Max teve sua melhor volta desconsiderada por exceder os limites da pista, o que o deixou na sexta posição. No paddock, a grande maioria acreditava que isso não prejudicaria em nada suas chances de vitória, considerando a superioridade demonstrada na corrida de dezenove voltas no sábado e em outras etapas deste ano, como Miami e Bélgica.

Domingo. Leclerc largou da posição de honra, mas perdeu a liderança para Norris logo na primeira curva. Sainz Jr. ganhou uma posição, e Verstappen também subiu no grid. Lando liderou o primeiro terço da etapa e Hamilton logo se livrou de Sainz Jr. e posteriormente de Leclerc. Demonstrando que a estreia do novo assoalho em Austin melhorou o carro da estrela.

Parecia. Enquanto Norris e Lewis dominavam a etapa, Max vinha realizando uma corrida burocrática, pouco a pouco superando quem estava à frente, sem aquela velocidade demonstrada durante a temporada. A lógica seria ele estar segurando o ritmo para conservar seus pneus e realizar apenas uma parada. Os alemães acreditaram e partiram para essa tática suicida e logo desistiram. Tática essa que os italianos aplicaram no carro 16, sendo o único carro do grid que realizou a etapa com apenas uma troca.

Surpresa. Na volta dezesseis, Max entra nos boxes e sai com pneus médios. Demonstrando que vinha para duas trocas e surpreendendo a todos. A McLaren reagiu na volta seguinte e parou Norris. Já os alemães, pararam Lewis somente na volta vinte. Não demorou, o piloto reclamou com seu engenheiro sobre a reação tardia, que lhe fez perder tempo em relação aos ponteiros. Porém, a dupla à sua frente calçava pneus duros e Lewis médios.

Apertado. Excluindo a etapa de Singapura, onde Max foi P5, esta foi a corrida em que a dupla RB19/Max viveu uma pressão forte ainda não experimentada nesta temporada. Segundo o holandês, a falta do ritmo avassalador foi uma falha de freio que já apareceu ao início da etapa. Com essa vitória, Max igualou seu recorde do ano anterior com quinze vitórias, totalizando 50 vitórias no total. Ele também conquistou seis vitórias em Sprints, das 11 realizadas até hoje.

Verstappen está a uma vitória de igualar Alain Prost e a três de igualar Sebastian Vettel. Lembrando que faltam apenas quatro etapas para o final da temporada. Superar o recorde de Prost seria um feito esperado, enquanto superar o de Vettel este ano seria excepcional. Saberemos o desfecho em Abu Dhabi.

Ascendência. A Mercedes foi a segunda força na etapa texana. Inicialmente, as cartas eram a favor da equipe Papaia. Norris liderou o primeiro terço da etapa, porém não teve ritmo para impedir o avanço da Mercedes 44. Lewis se mostrava muito animado com a atualização feita no W14 e declarou que em 2024 eles voltarão ao topo. Norris fez o quarto pódio seguido e já não precisa de óculos para enxergar a Ferrari 16 e, por consequência, a 55.

Bomba. Horas após os festejos do pódio, a FIA informou que os carros 44 e 16 foram desclassificados devido à altura mínima da placa de madeira que se localiza no assoalho. Sendo assim, Lando Norris subiu para a segunda posição, Carlos Sainz Jr. terceiro e Sergio Pérez quarto. Perez parte para sua corrida caseira com 39 pontos de vantagem sobre Lewis. Sem a desclassificação, essa diferença seria de 19 pontos. Sainz Jr. conquista seu segundo pódio com punições. Sargent enfim marcou um ponto com as duas punições.

Tábua. A placa de madeira fixada no assoalho foi introduzida na F1 após as análises do acidente de Senna em Imola. No início, pegou algumas equipes burlando a regra. Mas há tempos que não víamos punições por desgaste nessa peça. Os fiscais compararam as medidas dos carros de Leclerc e Hamilton com os de Norris e Max. Sendo que estas estavam dentro do limite. A F1 é uma das categorias de maior tecnologia e usa um medidor jurássico no carro.

As equipes podem e certamente vão recorrer. Sob alegação das inúmeras irregularidades do asfalto de Austin. A verdade é que era só levantar um pouco os carros. Mas assim a performance cairia e equipe nenhuma quer isso numa corrida. Saiu caro a bobeada.