Quando a vaidade ou incompetência do CPF assume a gestão do CNPJ, o mesmo poderá até ser bem-sucedido, mas não por muito tempo. Certamente, a lucidez não estará presente nesse ego aplaudido e, se o mesmo for carente de qualificação profissional, ainda terá maiores problemas.
Quando nos referimos ao planejamento a longo prazo, estamos levando em consideração, nesse caso, algo em torno de, no mínimo, 50 anos. Pode parecer excesso de cronograma para alguns, mas não para grandes empresas que têm como hábito enxergar longe. Mudanças acontecerão, é verdade, e por isso mesmo é necessário flexibilidade e adaptação.
Fico observando alguns empresários orgulhosos em serem procurados, diariamente, por seus clientes, para atender suas necessidades e desejos. Ofuscam a marca da empresa com o próprio nome do seu RG. Dizem que seus consumidores fazem questão de sua presença e que, se ficarem ausentes, a “coisa não anda”. Não avaliam o grau de risco que correm com o consentimento desse procedimento. Justificam que esse é um dos modos eficazes de a micro ou pequena empresa permanecerem competitivas e que a realidade delas não permite que se contrate um gerente tão completo quanto a marca principal do negóci o próprio “dono”.
Ora, é preciso delegar para se ganhar poder, e não entender que se perde quando assim o faz. É muito mais uma questão de hábito, cultura, capacitação, implantação e monitoramento. Se a figura do “dono” é a maior atração da empresa, ambos estão condenados à extinção, já que a lei natural do corpo humano é ter um fim. Evidentemente, de alguma forma, a personalidade do “dono” estará escondida em cada detalhe do negócio, para aqueles que são bons observadores.
Bem, se a empresa depende do proprietário para ter um atendimento diferenciado, todos os seus funcionários e clientes estão reféns, no mínimo, da sua saúde física. O dia que o proprietário ficar doente, a empresa também adoece, uma vez que ele não poderá estar presente nela. E qual é a chance disso acontecer? É um grande paradoxo, já que é uma equipe que torna uma marca sólida. Porém, no final do processo, as pessoas não podem brilhar mais do que a própria marca construída pela empresa. Em outras palavras: o CNPJ não deve ser herança para os filhos, e sim para os netos e toda a futura geração.
(*) publicitário, professor universitário, palestrante e consultor empresarial