HOMENAGEM

Uberabense vence concurso para construção de memorial em homenagem às vítimas de Brumadinho

Monumento será erguido em Belo Horizonte

Letícia Marra
Publicado em 15/01/2023 às 18:13
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Buscas em Brumadinho chegam a um mês ( )

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Com o objetivo de homenagear as vítimas de Brumadinho, a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, em Belo Horizonte, receberá o monumento “Bruma Leve”, idealizado pelo arquiteto uberabense Daniel Rodrigues. O concurso foi promovido pelo  Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG). 

Vencedor do concurso, Daniel Rodrigues conta que o próximo passo é a abertura de processo licitatório para escolher a empresa responsável pela obra. “Nós tivemos a felicidade de vencer. Para nós é uma felicidade, porém não podemos esquecer que foi uma tragédia. A gente não quer se felicitar em cima de uma tragédia. O projeto traz vários conceitos e um deles é o grito da dor desses familiares que perderam seus entes queridos”, explica. 

O monumento será composto por 272 peças na forma de vários perfis de rostos humanos, representando cada uma das pessoas que faleceram na tragédia. A altura máxima do monumento possui 272 cm. Além de remeter às  montanhas da região e expressa a fluidez e leveza da bruma quando passa pela Cidade. Cada peça possui 10 cm de espessura e ficam afastadas 10 cm umas das outras, criando a liberdade visual de se enxergar ao horizonte um futuro menos doloroso e possível. 

Dependendo da posição do observador ele obterá uma sensação diferente. Olhando de um ponto mais distante, se permite observar uma forma que remete as montanhas da região onde se localiza a cidade de Brumadinho, tendo como objetivo causar a sensação de leveza e permeabilidade, proporcionada pelos cheios e vazios da composição, onde ora há uma peça, ora não, ora estão mais altas e ora mais baixas. 

De outro ponto se observa peças nascendo do chão, mais baixas que o observador, que vão crescendo a cada peça, causando uma sensação de inquietação e fadiga, pois neste momento as peças estão irregulares e abstratas. Da outra extremidade se vê peças que formam a silhueta de uma face humana, onde é possível observar o contexto e a finalidade da obra em si, ir da inquietação, da aflição, até a esperança, o amanhã. Nesta mesma posição, é abstrato observar as curvas de níveis que uma mineradora rasga na terra e ao centro, uma perspectiva e ponto de fuga, visando dar ao observador um novo olhar para a vida, uma passagem. 

A proposta foi criada a partir do entendimento da palavra Bruma/Brumadinho, do sentimento de saudade das pessoas que se foram e do grito de liberdade que a música de Alceu Valença traz. Nesse contexto, criamos uma proposta de monumento que visa estabelecer relação entre a cidade de Brumadinho, a tragédia e homenagear as pessoas perdidas, além de causar inquietação e ao mesmo tempo esperança para quem o contempla, trazendo a sensação do grito de liberdade da dor.

A cor também foi pensada para compor o contexto do monumento, o vermelho representa coisas ruins e dolorosas como a violência, a guerra, mas também remete ao amor, a cor do sangue e coração humano, além de evocar coragem e força. O objetivo da obra é trazer a dor, a inquietação, a estranheza, o grito de liberdade e saudade. Manter aceso o sentimento de impunidade e injustiça causado, mas demonstrar também, no fim, a esperança e confortar os corações das famílias, amigos e do povo.

Certame objetivou escolher a melhor proposta apresentada, para subsequente execução, vencidas as etapas licitatórias, de um marco físico e perene que lembre a todos o que jamais deverá acontecer novamente e que convide à reflexão em memória das vítimas e desaparecidos, mas que jamais serão esquecidos.

Brumadinho. Em 25 de janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da barragem de rejeitos de minério da Mina Córrego do Feijão, no distrito de mesmo nome, no município de Brumadinho. Essa tragédia ceifou a vida de duzentos e setenta e dois brasileiros. É considerada uma imensa tragédia industrial, humanitária e trabalhista em número de perdas humanas, com graves danos ao meio ambiente. A tragédia afetou diretamente mais de vinte e seis municípios ao longo do vale do rio Paraopeba. 

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