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Caprichos e complexidades da memória

“Recordar é viver”. Momentos vividos na infância, fatos da adolescência, eventos experienciados mais recentemente, podem ser despertados por situações cotidianas

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 06/08/2009 às 20:06Atualizado em 20/12/2022 às 11:21
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“Recordar é viver”.

Momentos vividos na infância, fatos da adolescência, eventos experienciados mais recentemente, podem ser despertados por situações cotidianas, a qualquer instante. Isto faz parte da nossa famosa memória.

Memória? O que é memória?

Memória é a faculdade de reter as ideias, as impressões e os conhecimentos adquiridos ao longo da vida.

Memória é a aquisição, conservação e evolução de informações. A aquisição de informações é também denominada como aprendizado, assim como a evocação se denomina lembrança ou recordação.

Memória então é lembrança, é recordação.

As recordações são registros mentais de nossas experiências de vida.

Como funciona a mente humana?

Quanto mais se pensa no funcionamento mental, mais se tem certeza de sua complexidade.

A estrutura da mente humana é complexa.

Entre os diferentes aspectos da mente humana encontra-se a memória, também com a sua complexidade caprichosa.

Portanto, um dos elementos importantes da memória e, consequentemente, da mente, são as lembranças e recordações. Do mesmo modo, sabemos o quanto lembranças aparentemente insignificantes podem vir acompanhadas de uma grande carga emocional, repleta dos mais variados sentimentos, a maioria responsável pela maneira como vemos e percebemos o mundo a nossa volta.

Toda vez que recordamos algo, que em algum momento de nossas vidas nos magoou ou feriu, estamos revivendo essa situação com toda a sua carga emocional.

São essas recordações, adquiridas na infância ou adolescência, as responsáveis pela forma como vamos, gradualmente, percebendo e compreendendo o mundo em torno de nós. Lembranças felizes geram emoções felizes, tornando-se – em muitos momentos – um porto seguro onde podemos nos abrigar, quando os problemas da vida se abatem sobre nós. Lembranças tristes não fogem à regra. Elas criam, em nossa mente, outras expectativas e despertam outros sentimentos que, se por um lado podem também nos servir de ajuda e apoio nos momentos difíceis, de outro são capazes de nos causar inúmeras dificuldades.

Assim, a cada novo ano de nossas vidas, mais recordações vão se incorporando ao nosso conjunto de memórias, tingindo-se cada uma delas de um colorido único e especial. Procuramos em nossos arquivos mentais o dia, a hora e o mês, de um determinado acontecimento e não descansamos até identificarmos os fatores que desencadearam essa ou aquela recordação. Entretanto, assim como a vida é feita de altos e baixos, também existem, como já foi dito, boas e más recordações. Existem aquelas que constantemente queremos reviver e outras que queremos e nos esforçamos por esquecer.

Esse mecanismo que busca o esquecimento é denominado, repressão, e pode ser assim definid a repressão é um mecanismo também ativo que usamos para reduzir ou suprimir memórias que preferimos não lembrar, ou seja, os acontecimentos desagradáveis como a dor, a vergonha, a humilhação. É uma arma poderosa, mas pode ter o inconveniente de que as memórias reprimidas, mas não mortas, nos tragam de forma inconsciente sensações de mal-estar e causem respostas inadequadas e desagradáveis. Ou complique nossa vida de forma muito grave, ao interferir em nosso dia-a-dia de maneira imprópria.

O que tentamos com a repressão é, na verdade, fugir do sofrimento, que muitas lembranças nos trazem de volta. Portanto, o recurso encontrado, pela maioria das pessoas, é a repressão em casos mais sérios, ou, o simples esquecimento.

(*) psicóloga clínica

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