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Muda mundo!

Mais um mês que termina, conforme programado. Começou com tantas expectativas

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 30/08/2015 às 13:01Atualizado em 16/12/2022 às 22:33
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Mais um mês que termina, conforme programado. Começou com tantas expectativas, contas a pagar, planos traçados, algumas esperanças e bons sonhos, alguns realizados, outros não. Agora, que chegou ao fim, é mais uma página destacada da folhinha, é mais uma informação que se esconderá nos arquivos profundos da internet. Daqui a pouco, é o ano que se encerrará, envolto em uma poeira fina que insiste em penetrar as menores frestas. Na verdade, é o tempo que desliza suavemente por entre os dedos e por entre os galhos das árvores, deixando no ar um som inconfundível de nostalgia e saudade.

O fato inquestionável é que o tempo corre, como as águas claras dos regatos e córregos protegidos por matas acolhedoras rumo aos grandes rios e ao mar. Amanhã teremos mais um amanhecer, anunciado pela algazarra dos pássaros, pelas gotinhas de orvalho que logo secarão com os primeiros raios de sol, pelo ruído intenso causado pelo atrito dos pneus dos automóveis que rodam nas avenidas e nas estradas deste mundo afora. O dia há de começar com o cheiro de café vindo do velho fogão de lenha, ou da mais moderna cafeteira elétrica, e com o movimento das pessoas, que caminharão em direção a infinitos lugares e destinos, tantos quantos somos nós, habitantes deste planeta tão lindo.

Não é o tempo que passa, somos nós que, escrevendo nosso próprio roteiro, tecemos a teia da vida, como nos ensinou um grande chefe indígena das pradarias norte-americanas, o sábio Cacique Seattle. Fomos capazes de compreender seus ensinamentos? Seremos capazes de olhar bem dentro dos olhos de quem está do nosso lado e compreender que as coisas do mundo mudam incessantemente e esta é a lógica do próprio mundo e das pessoas? Lógica que nos exige, cada vez mais, paciência, flexibilidade e amor, mesmo com os que não compreendem que tudo muda e vai continuar mudando depois de ter mudado, e mais uma vez, e mais...

Assim sendo, na crista da onda, nas grimpas dos mais altos jequitibás, nas alturas das mais bonitas cachoeiras – sejam elas minúsculas quedas d’água ou grandiosas cataratas –, no último andar do mais alto arranha-céu que domina a paisagem urbana, ou em cima do mais alto cupinzeiro do Cerrado, vamos lançar um olhar para o tempo que passa e vamos saudar a vida, vamos nos encantar com a simplicidade, com a complexidade, com o contraditório da existência humana. Pouco importa se o novo que vem por aí será uma surpresa, uma incógnita, difícil de prever. Assim seja! O que conta é estarmos vivos para apreciar a beleza de um novo dia.

E, se por um instante, ficar a ideia de que o mundo parou de girar, fomos nós que piscamos e um lapso saudoso nos fez recordar nossa trajetória. Talvez tenha sido o mundo que se ajeitou para o despertar de um novo dia.

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