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O velhinho gostoso

Sem certidão de nascimento torna-se impossível provar sua idade. Argutos historiadores...

Osmar Baroni
Publicado em 23/04/2017 às 11:19Atualizado em 16/12/2022 às 13:50
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Sem certidão de nascimento torna-se impossível provar sua idade. Argutos historiadores cravam por volta de 1870 – entretanto, o pesquisador, músico e compositor Henrique Cazes, com irrefutável lógica, aponta a data de 13 de julho de 1845, quando a Polca – música dançante da Boemia, província da então Tchecoslováquia – foi dançada pela primeira vez no Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro.

Empolgados com a vibrante e maliciosa movimentação rítmica dos personagens, os flautistas, violonistas e cavaquinhistas cariocas invadiram os salões imperiais, ganhando efusiva simpatia da corte, das ruas e de festas populares. Astutos, nossos músicos amadores aprendiam a polca de ouvido e faziam o solo para que os violonistas se adestrassem nas passagens modulatórias que rolavam pelos sons graves em tom plangente. Observador sagaz, o maestro Batista Siqueira associa que a passagem melancólica criada pelo violão acabaria conferindo o nome de choro à tal maneira de tocar e a designação de chorões aos músicos executores. Apesar das contestações e de outras interpretações quanto ao nome, o choro parece virar as costas para a polêmica e continuar de frente para o show.

Aniversário é data de acontecimentos bons e ruins – daí lembrar um episódio dessa magnitude em qualquer nação ou comunidade civilizada seria jubiloso para sua celebração. Indiferente a protocolos, Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880), flautista dos mais avançados de seu tempo, aproximou-se dos músicos populares e organizou o grupo “Choro Carioca” – inicialmente com flauta, cavaquinho e violão, instrumentos básicos da formação inicial –, logo depois incluindo Chiquinha Gonzaga, que ao mesmo tempo agregava beleza melódica ao grupo e escandalizava a burguesia. Pai dos chorões, como ficou conhecido, Joaquim Callado faleceu aos 22 anos de idade.

Falar de choro sem citar Pixinguinha é impossível. Alfredo da Rocha Viana Filho (1897-1923) aprimorou a receita que encontrou dos pioneiros da nossa identidade musical com sua inexcedível experiência profissional de músico e aglutinou ideias dando ao choro forma musical definida. Sob a aura da sua genialidade, o choro ganhou mais ritmo, graça, hábito de improviso e o status de gênero musical. Emoldurado por Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Jacob do Bandolim, Hamilton de Holanda, Yamandú Costa, entre outros, o choro tem acolhido de braços abertos sucessivas gerações ao longo de seus 142 ou 172(?) anos de idade.

Não por acaso 23 de abril foi instituído Dia Nacional do Choro – inspirado no aniversário de Pixinguinha.

(*) Cirurgião-dentista; titular da Sociedade Brasileira de Dentistas Escritores e do Fórum dos Articulistas de Uberaba e Triangulo Mineiro

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