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O ano que vem

Vossa excelência não tem por hábito trabalhar com a verdade. Esta fala, mais ou menos...

Luiz Cláudio dos Reis Campos
lucrc@terra.com.br
Publicado em 02/11/2017 às 20:00Atualizado em 16/12/2022 às 09:22
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“Vossa excelência não tem por hábito trabalhar com a verdade”. Esta fala, mais ou menos assim, foi dirigida ao ministro Gilmar Mendes pelo seu colega Luís Roberto Barroso. Uma frase sem meias verdades e produzida no ambiente que foi proferida ganha relevância enorme. O ministro Barroso não se apequenou e colocou claramente a importância e a necessidade de repelir a inverdade e ter como norte e princípio a busca intransigente e incansável da verdade na expressão da justiça. Seu contendor, figura notória e polêmica, quis intimidá-lo. Não obteve o êxito que, de certa forma, alcança em outras circunstâncias e com outros de seus pares. Dessa feita, Barroso se deu melhor, quero crer, porque estava com a verdade e a sua convicção em sintonia. Não tem como compartimentar em um lado verdade convincente e do outro mentira conveniente. De toda forma, hoje, muita gente já sabe escalar os onze ministros do Supremo e até, quem diria, encontra mais facilidade do que elencar os onze do seu time de futebol. Essa popularização decorre, claro, em função da exposição e divulgação das audiências que despertaram o interesse a partir do Mensalão e hoje a Lava Jato. Essa convivência mais próxima da sociedade com o Supremo é benéfica porque permite estabelecer as diferenças, posturas e direcionamento dos que estão ali exclusivamente a defender os interesses dessa mesma sociedade em prioridade absoluta. É um avanço em nossa democracia, inquestionavelmente. Assim sendo, as instituições são mais cobradas e mais exigidas. Do outo lado, há uma nítida dissociação de grande parte do setor político com o povo, cujos resultados são imprevisíveis, podendo até não mudar nada, o que faz parte da imprevisibilidade também. Mas, da maneira que verificamos manifestações não tão ruidosas, às vezes até pontuais, é necessário fazer uma projeção para o ano que vem, com grande possibilidade de muita surpresa. 2013 parece ter marcado um encontro com 2018; serão cinco anos que se passarão acumulados em descrença, decepção, indignação. É hora dos bons políticos – e, com certeza, eles existem – buscar um reencontro com o que é legítimo e correto para que a população enxergue luz e se recubra de esperança. O ano que vem é uma incógnita e, também, de muitas incertezas. As urnas podem ser boas e, também, ruínas.

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