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Liberdade poética

Através das palavras de Mark Logue e Peter Conrad no livro O discurso do Rei

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 11/05/2011 às 20:12Atualizado em 20/12/2022 às 00:21
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Através das palavras de Mark Logue e Peter Conrad no livro O discurso do Rei – Como um homem salvou a monarquia britânica somos informados que Canning e Hooper não pretenderam fazer um documentário sobre a vida do então Duque de York (futuro Rei George VI) ou de Lionel Logue (terapeuta da fala) ou ainda do processo que juntos desenvolveram visando a sanar a gagueira recorrente do Duque. Num recorte possível da realidade, os cineastas optaram por um filme dramatizando os acontecimentos ocorridos no curto período entre 1929 e 1939, que correspondia ao primeiro encontro entre Lionel e o futuro Rei até o início da Segunda Guerra Mundial.

No livro, os autores Logue & Conrad expandem o objetivo do filme abarcando, em especial, a vida de Lionel Logue, seu trabalho enquanto terapeuta da fala, suas anotações teóricas e práticas, bem como o relacionamento dele com George VI e a Família Real. Para isso examinaram todos os documentos encontrados nos arquivos da família Logue, nos Arquivos Reais do Castelo de Windsor, como também junto aos escritores e editores de livros sobre o Rei.

Nos papéis de Lionel descobriram diários vividamente escritos, nos quais registrara os encontros com o rei em minuciosos detalhes, incluindo um pequeno cartão de consulta com a primeira entrevista e o diagnóstico. “Mental: inteiramente normal, tem uma aguda tensão nervosa que lhe foi trazida pelo defeito...” “Físic bem constituído, com bons ombros, mas a linha da cintura muito flácida. Bom desenvolvimento do peito, respiração no alto dos pulmões boa. Ele nunca usou o diafragma, ou a parte inferior do pulmão – e isso resultou em completa falta de controle do plexo solar em situações de tensão nervosa, com consequentes episódios de fala com problemas, depressão. Contrai dentes e boca e mecanicamente fecha a garganta. Abaixa o queixo e fecha a garganta às vezes. Um hábito fora do comum de cortar palavras pequenas (an, in, on) e dizer a primeira sílaba de uma palavra e a última de outra, cortando o centro, além de apresentar uma hesitação muito frequente.”

Logue identificou o problema do Duque, como era o caso de muitos de seus pacientes: uma questão de respiração defeituosa, portanto devido a um fator fisiológico, e não psicológico ou emocional. Este apareceria como consequência das dificuldades de fala vividas anteriormente. De acordo com seu diagnóstico, prescreveu exercícios respiratórios, gargarejos regulares com água quente e ficar de pé junto a uma janela aberta, entoando vogais, uma por uma, cada qual durante 15 segundos. (continua)

(*) Psicóloga e psicanalista

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