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Em busca dos templários

Houve um tempo em que o inexplicável se ancorava nas deidades e o poder nas coisas ou objetos endeusados. Assim muitos peregrinos se deslocavam para alcançar a cura de seus males físicos

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 29/07/2009 às 20:14Atualizado em 17/12/2022 às 05:15
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Houve um tempo em que o inexplicável se ancorava nas deidades e o poder nas coisas ou objetos endeusados. Assim muitos peregrinos se deslocavam para alcançar a cura de seus males físicos ou espirituais através do toque mágico em algum elemento ou lugar carregado de magia, por ser algo ou remeter a alguém considerado Santo. Uma medicina incipiente, sem recursos efetivos para o combate às doenças, sustentava as crendices e superstições e, a dor impulsionava os homens a buscar nos objetos carregados de histórias fantásticas, uma possibilidade curativa totalmente fora da realidade. Não só os santos e suas relíquias serviam aos propósitos de tratamento, também os reis ou todos que detivessem algum poder terreno eram procurados e solicitados a tocar ou abençoar os feridos, que então acreditavam na sua cura.

O advento da cristandade e a divulgação dos textos bíblicos que revelavam os acontecimentos da vida de Jesus criaram uma série de lugares e objetos santos: Jerusalém, o Sudário, o Santo Graal, a Lança, a Cruz, as pedras do Santo Sepulcro, cabeça de decapitado, ossos e outros tantos, como também uma motivação para ir ao encontro dos objetos ou dos lugares, e finalmente, uma força capaz de proteger aqueles cristãos que viajavam, as relíquias, e as terras santas. Dessa demanda nasceram “Os Templários” e seus objetivos: defesa da terra santa, dos caminhos e dos peregrinos que a buscavam. Inicialmente autodenominados “Ordem em Defesa da Terra Santa”, em seguida “Os Templários”, por causa do local onde se instalaram: as ruínas do Templo de Salomão. Depois desta clareza de motivos e racionalidade dos ideais almejados tudo se obscurece: como nove cavaleiros com votos de pobreza, castidade e obediência se transformaram em grupo seleto e rico, com ramificações por toda a Europa, fortalezas e bens invejáveis? Como conseguiram enriquecimento inquestionável, a ponto de sustentar reinos e reis endividados? Na missão de proteger contra os vândalos ou ladrões, como encontraram tão grande desenvolvimento econômico-financeiro? De onde provinham ganhos tão vultosos?

Atualmente temos ao nosso alcance vários livros que enfocam as vicissitudes deste movimento dos Soldados de Crist muitos deles carregados de fantasias romanceadas que os tornam não confiáveis, outros poucos, mais verdadeiros são, no entanto, de difícil acesso a todos que se interessam, principalmente pela característica misteriosa que os recobre, e a tudo que é secreto. Objetivos tão claros e lógicos, assim como certos e bons não precisariam da proteção do segredo! Porque o oculto? O que se oculta?

(*) psicóloga e psicanalista

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