Trabalhando em filmes, com alguma regularidade um ator tem que fazer seu trabalho olhando para o nada. Com a câmera apontada para si, recebe instruções do diretor sobre o que deve fazer naquela cena e dá-lhe atuação.
Foi assim que o ator Ernest Borgnine se viu um dia, olhando para uma marca feita com giz enquanto tentava pensar como o personagem que retratava. Eram os anos 70, o diretor era Franco Zefirelli e Borgnine fazia um centurião apanhado no meio do maior drama da história da humanidade, a Paixão de Cristo.
Ele deveria dizer a célebre frase, encontrada em Marcos 15:39: “Este homem era realmente o Filho de Deus”, mas não estava conseguindo entrar no clima, assim pediu que alguém lesse em voz alta as palavras de Jesus crucificado.
Câmeras rodando, olhos firmes na marca de giz, à medida que Zefirelli ia lendo as passagens, Borgnine ia meditando em como aquilo tudo estava muito errado. A abismal injustiça da situação fazia o cansado militar pensar que deveria aposentar-se e ir viver no campo.
De repente, ele viu. Em vez da marca, Ele estava lá! A face de Jesus, muito clara e gentil. E não era o rosto do ator Robert Powell, o Jesus daquele filme, mas outra, incomparável, que olhou para ele, com compaixão infinita. Então, proferiu os termos finais: “Pai, em Tua mãos entrego meu espírito” e a cabeça tombou.
Borgnine caiu em prantos, completamente esquecido das câmeras, da equipe, do aparato todo à sua volta, de tudo. As atrizes que faziam Maria, mãe de Jesus, e Maria Madalena também choravam.
O ator faleceu em 2012, mas ainda é possível vê-lo comentar sobre esta passagem em entrevistas gravadas e escritas. Ele mesmo diz que não sabe se realmente teve uma visão ou se foi algo da sua mente. O fato é que foi uma experiência profunda que o modificou para sempre.
O centurião, naquele momento, não sabia, mas a história, por mais que assim o parecesse, não terminava naquela sexta-feira. Passou o sábado, chegou o domingo e, dois mil anos depois, estamos aqui, um ano mais, lembrando, honrando e celebrando. Cristo ressuscitou! Feliz Páscoa a todos!
