Adversidade e Resiliência - II
Os modelos de comportamentos são aprendidos e programados no cérebro durante a juventude impressionável, quando a pessoa observa...
Os modelos de comportamentos são aprendidos e programados no cérebro durante a juventude impressionável, quando a pessoa observa os outros lidarem com as dificuldades da vida. Ao absorver e adaptar essas reações no inconsciente, o indivíduo forma seu próprio padrão singular de reações.
Por ser um padrão específico, a adversidade exerce uma influência mais impressionante sobre o comportamento do que qualquer outro padrão descoberto até o momento. Este padrão de comportamento define o que ocorre entre qualquer evento e o comportamento resultante. É por isso que atinge todos os aspectos das atividades humanas, inclusive da vitalidade e da saúde.
Não de pode ter emoções contrárias ao mesmo tempo, padrões de pensamento e emoção sofrem grande influência da percepção e da explicação dos eventos da vida. Não são as adversidades enfrentadas que decidem as consequências que se sofre. É a percepção – e a reação – a esses fatos que importa e que exercerá influência sobre todos os sistemas do corpo.
Quem sofre de depressão não está apenas com tristeza mental, está organicamente deprimido. Toda a química do corpo está deprimida, o que exerce influência sobre tudo o que acontece no organismo. Assim, as pessoas deprimidas não costumam sentir fome ou dormir, ou, pelo contrário, dormem demais e não conseguem executar tarefas corriqueiras.
Em fluxo – estado de concentração ou dedicação total a uma tarefa – a rede corpo-mente cria uma experiência excelente, elevando o corpo e gerando o melhor desempenho.
O padrão de reações a qualquer acontecimento exerce influência sobre todo o processo de pensamento e sobre a fisiologia. A função e a saúde de todas as células do corpo-mente sofrem influência da reação do indivíduo aos fatos da vida. Dentre todos os tipos de acontecimentos, a adversidade tem o papel mais forte.
As pesquisas sobre a química do desempenho indicam que os acontecimentos adversos parecem surtir consequências significativas e influentes sobre o cérebro humano. Reagimos de maneira muito mais forte aos acontecimentos negativos do que aos positivos. Em consequência disso, a adversidade tem papel importante no cérebro. É como se ouvíssemos a adversidade com volume e intensidade mais altos do que os acontecimentos mais agradáveis. Os telejornais contêm mais notícias ruins do que boas, não é? O cérebro sente atração pela adversidade. Atribuímos naturalmente muita importância à adversidade, deixando todos os órgãos em guarda, como se preparados para atacar. Isso explica por que a reação à adversidade é de importância primordial.
O padrão construtivo de reações elevado pode manter todos os órgãos ativos, fortes e um excelente funcionamento. O padrão destrutivo de reações em alta gera consequências a curto e longo prazos. Em curto prazo, o indivíduo sofre todos os sintomas do estresse, preocupações e talvez medo. Além de pressão alta, mãos suadas e músculos tensos, pode haver decisões precipitadas, comportamento contrário aos riscos e catastrofismo, o que pode deprimir o sujeito e aqueles com quem ele tiver contato imediato. Em longo prazo, ele pode sofrer de esgotamento do sistema imunológico, fadiga, resignação, perda de esperança, depressão...
O padrão de reações à adversidade exerce profunda influência sobre o funcionamento de todo o organismo humano, o que, por sua vez, afeta todo o sistema e tudo o que o indivíduo pensa, sente e faz.
A resiliência pode ser desenvolvida e cultivada.
O que é ser resiliente?
Ser resiliente é ser uma pessoa mais criativa.
Ser resiliente é ser resistente às frustrações.
Ser resiliente é ser hábil na procura de soluções para os problemas.
O homem pode desenvolver a capacidade de se recuperar e de crescer em meio à adversidade, isto é, ser resiliente.
(*) psicóloga clínica
