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Acordolhar 10

Gentileza gera gentileza, já dizia o poeta de rua. Lembro-me bem das bases dos elevados...

Esther Luisa Hercos Fatureto
Publicado em 20/10/2015 às 20:03Atualizado em 16/12/2022 às 03:14
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Gentileza gera gentileza, já dizia o poeta de rua.

Lembro-me bem das bases dos elevados perto da rodoviária no Rio de Janeiro, todas escritas com poesias dele, e eu nunca dei importância. Mas elas traziam mensagens de gentileza e bondade.

Naquele tempo eu não tinha acordado meu olhar ainda. E vivíamos em plena ditadura; o que será que é ditadura não sei bem. Até hoje me pergunto quem são os reais ditadores.

Tantos anos já se passaram, e agora consigo ver coisas que não enxergava; parece que ao envelhecermos tomamos consciência do valor do tempo.

A pressa das horas nos faz perder sorrisos, eis a parte mais triste da vida. Quem perde sorriso perde luz, o olhar fica sem cor.

A luta é contra nós mesmos, temos que aprender a nos amar, nos cuidar; temos que encontrar tempo para gentilezas conosco e com os outros. 

Temos que acordar o nosso olhar.

Num mundo tão confuso, com tanta inversão de valores, ficamos perdidos, sem saber o valor real das coisas. Tudo gira em torno de dinheiro, mas tudo que pode ser comprado é barato. Caras são coisas que o dinheiro não pode pagar; gentileza é uma delas.

Gentileza no trânsito conserva vidas.

Nada abre mais portas do que um sorriso, nem precisa falar a mesma língua, basta sorrir para que muitas portas se abram.

Tem momentos que vejo sorrisos falsos e fico pensando como alguém acredita neles e em suas promessas políticas falsas. Como existe gente que tem a coragem de prometer mentiras. Uma total falta de gentileza com trabalhadores que estão perdendo os empregos, com pessoas que precisam de escolas e de atendimento de saúde. Contam estórias irreais e acreditam nas próprias mentiras. 

​Se tivéssemos um governo gentil, com sorrisos sinceros e desejos de só usar o dinheiro público em prol da população, como seria uma maravilha este país. Sem interesses econômicos sujos, sem desvios, sem corrupção... Que perfeição!

Não tenho muito mais tempo; não vou viver mais 50 anos; provavelmente não vou mais ver as poesias nos elevados, mas gostaria de deixar um lugar decente e uma profissão valorizada e respeitada para as minhas filhas viverem. Gostaria de ver o país ser governado com gentileza pura e sem interesses, bonito e suave, como nas falsas propagandas eleitorais. Desejo um país livre, sem ditaduras de esquerda ou direita, um país que só quer ir pra frente, apesar de ser comandado por um cabo de guerra. Onde interesses econômicos comandam as pontas.

Temos que cobrar gentileza com nossos impostos; eles estão metendo a mão sem dó. E depois falam que não sabiam de nada...

O profeta gentileza pregava justiça, que seja feita uma gentil justiça.

(*) Médica oftalmologista

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