Caro leitor, estou aqui novamente, não foi possível escrever
Caro leitor, estou aqui novamente, não foi possível escrever na semana passada tendo em vista que estava de saco cheio com os desmandos com que o Estado trata os seus jurisdicionados. Qualquer dia deste falo sobre o tema, mas que estava de saco cheio não resta a menor dúvida. Com relação ao tema acima intitulado, estou referindo-me à situação enfrentada no cotidiano forense nacional, principalmente no âmbito mineiro. Ninguém nega e desconhece a situação vivenciada no Judiciário brasileiro. A falta de pessoal em todos os setores é uma constante. Veja o que ocorre em nossa cidade, citando como exemplo o Fórum Mello Viana. Começa pela estrutura oferecida em nossa comarca. O prédio em si, uma verdadeira pocilga; no dia de ontem, nos corredores, um fedor insuportável de uma poeira contagiante, ou seja, uma atmosfera nauseabúndica - isso mesmo, cheiro de bunda -, diga-se: sem lavar. Isso só para ficar no dia que passou. Pois bem, o que ocorre no nas secretarias judiciais? Primeiro a falta de espaço e condições indignas. A falta de pessoal é evidente. Diz alguns da existência de vários servidores aprovados em certame público, mas não ocorre a nomeação; ocorre sim contratação por tempo determinando, num linguajar bem popular: contratação a título precário. Tal atitude perpetrada, em minha opinião, tem um nome bem singular que não vou mencionar em respeito ao leitor deste matutino. Diante dessa inoperância, aparece a figura do escraviário - mistura de escravo e estagiário -; trata-se de uma figura contratada para fazer o serviço de um funcionário público concursado e devidamente preparado para exercer sua função. Encaro essa situação como um verdadeiro estelionato em desfavor da sociedade brasileira. O tal do escraviário, com todo o respeito, é um aluno de faculdade de Direito, no meio do curso. Chega àquelas secretarias - verdadeiras pocilgas - num ambiente totalmente insalubre, sem qualquer preparo, onde os funcionários concursados têm que ensinar todo o serviço com devida paciência. Digo isso, pois teria que vir pessoas concursadas e devidamente já preparadas, inclusive fazendo cursos no Tribunal. Mais ainda, trabalhando e recebendo o que verdadeiramente deveria receber: férias com adicional, décimo terceiro, plano de carreira, plano de saúde, etc. Daí não ter nenhuma dúvida em titular essa condição como um verdadeiro escraviário; digo mais, alguns vêm cedidos pelo Estado, pelo município, na condição de paraquedistas neófitos. Quem verdadeiramente deveria dar o exemplo de como administrar e respeitar a coisa pública faz o contrário. Sempre querendo remendar, dar um jeitinho, não tem planejamento. Acredito que nas serventias judiciais cíveis da comarca entram em média uns duzentos e oitenta processos por mês; algumas delas com 6.000, 7.000 procedimentos em andamento. Calculando, para dar cabo aos procedimentos que entram, cada magistrado deveria sentenciar 20 por dia; para liquidar os que lá estão, ao menos 10 por dia, somariam 30 sentenças/dia, num mês de 22 dias. Sabe quando conseguiria colocar o serviço em dia? NUNCAAA!! Douta cúpula do Tribunal de Justiça, contrata mais escraviário para exercer a nobre função judicante, só está faltando isso. Do contrário venha debater com a sociedade constituída, para que possamos, todos, exigir uma nova postura. Minha crítica é feita como cidadão que acredita e respeita a Justiça do nosso país.