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A Festa da Abadia

Nesta proximidade da grande festa de Nossa Senhora da Abadia, os uberabenses sobem a ladeira, que leva ao Santuário, para prestarem sua filial homenagem à Mãe de Deus

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Publicado em 30/07/2009 às 20:39Atualizado em 20/12/2022 às 11:28
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Nesta proximidade da grande festa de Nossa Senhora da Abadia, os uberabenses sobem a ladeira, que leva ao Santuário, para prestarem sua filial homenagem à Mãe de Deus. O mesmo acontece em Romaria, a pequena cidade do Triângulo, que regurgita de devotos, vindos de todos os lados para homenagear Nossa Senhora. São os romeiros de perto e de longe, que a Igreja acolhe nos seus braços para lhes oferecer a riqueza da graça divina e alegria das bênçãos do céu.

Este caminhar para o lugar santo, onde Deus nos cobre de favores, é uma peregrinação, que reproduz a condição humana na sua existência terrena. Existir é caminhar. Por isto a teologia chama a criatura humana de “viator”, isto é, aquele que sempre está a caminho. Este caminhar é um esforço de subir, uma ascese de purificação. Somos na vida da terra peregrinos em busca do Eterno, incansáveis romeiros do céu.

O santuário, lugar sagrado, tem um único acesso – a porta que é Jesus, como Ele mesmo nos revela no Evangelho de João (10,7). Caminheiros que somos, encontramo-nos com Ele na casa de sua Mãe, a Senhora da Abadia.

Não temos nós, católicos, receio de nos aproximar de Maria. O próprio São Paulo, na carta aos Gálatas (4,4), dá a entender com clareza que, no pensamento divino de nos enviar seu Filho quando chegasse a plenitude dos tempos, uma Mulher era predestinada a no-lo dar. Não se pode, pois, negar a presença de Maria no plano salvífico de Deus, neste projeto misericordioso de  salvação. Ela – a cheia de graça (Lc 1,28) – foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Redentor.

Pode-se lhe aplicar então aquilo que o livro dos Provérbios (8,22), diz da sabedoria divina: “Os abismos não existiam e eu já havia sido concebida. Nem as fontes das águas haviam brotado (...) e eu já fora gerada. Quando se firmavam os céus e se traçava a abobada por de sobre os abismos, lá eu estava junto dEle e era seu encanto”.

O perfil materno de Maria vem traçado por São Lucas (1,26ss). O anjo a encontra no silêncio orante de sua casa e lhe diz ter sido Ela a escolhida para ser a Mãe do Emanuel. Maria acolhe no silêncio a vontade divina e se torna virginalmente a Mãe do Salvador.

Porque Ela é tão grande e tão boa, todos nos aproximamos dEla na certeza de que nos acolhe nos dois santuários que Lhe erguemos. Levamos a Ela nossas indigências, na certeza de sua intercessão, como fez nas bodas de Caná. E suas mãos maternas se abrem com ricas bênçãos sobre nós que peregrinamos pela difícil escalada da Jerusalém celeste.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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